O inverno não impacta só a saúde dos gaúchos, mas o comportamento. As rodas de chimarrão saem das calçadas e vão para dentro de casa. Praças e parques ficam mais vazios, o que remete a uma certa melancolia. Mas é possível contornar esse sentimento. O professor de Biometeorologia do departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) Fabio Gonçalves defende que o problema do inverno está no imaginário das pessoas, que o relacionam aos dias nublados apesar de ser uma estação com dias ensolarados.
— Céu nublado é comprovadamente deprimente, a falta de sol afeta a produção de vitamina D, que ajuda a ter disposição — diz.
A psiquiatra Bianca Schwab acrescenta que a baixa luminosidade aumenta a produção de melatonina (que pode causar mais sonolência) e diminuir a de serotonina (que proporciona a sensação de bem-estar).
— Mas é importante diferenciar um mau humor transitório de um quadro depressivo, que muitas vezes pode ser agravado pelo isolamento social no inverno. Vale ressaltar também que existe um quadro chamado de depressão sazonal, ou depressão do inverno, mais comum em alguns países do Hemisfério Norte — afirma a psiquiatra.
A persistência de sintomas como desânimo, tristeza, irritabilidade e sono acende um alerta. Nos casos daquela melancolia passageira, que costuma surgir nos domingos à tarde, a solução passa por uma mudança de comportamento e encarar o período com mais otimismo.
— O nosso inverno é muito mais agradável e menos prejudicial à saúde do que o verão, que tem uma série de doenças graves associadas, tempestades e inundações. O inverno deveria ser a estação valorizada, o vilão é o verão — brinca Gonçalves.
Quatro lembretes:
- Não deixe de tomar sol. O ideal é pelo menos 15 minutos de exposição todos os dias, então aproveite para fazer o trajeto para o trabalho a pé ou de bicicleta ou dar uma caminhada na hora do almoço.
- Não deixe que o frio impeça de fazer programas com amigos e família. Mantenha uma vida socialmente ativa.
- Evite ficar em locais muito escuros e pouco arejados, prefira aqueles com iluminação natural. Também é importante não abusar do álcool e manter uma alimentação saudável.
- Faça caminhadas ou outras atividades físicas que auxiliam na liberação de endorfina, aumentando a sensação de prazer.
Fontes: professor de Biometeorologia Fabio Gonçalves e psiquiatra Bianca Schwab