Em pleno verão, estação mais quente e ensolarada do ano, os cuidados com a pele passam a – ou deveriam – ter atenção especial. Trata-se de uma cautela que deve ocorrer, segundo os dermatologistas, ao longo de todo o ano. E, quando se trata do assunto do ponto de vista gaúcho, a seriedade ao falar da exposição ao sol aumenta: o Rio Grande do Sul é o Estado com a maior incidência do mais agressivo dos cânceres de pele – o tipo melanoma. Estimativa recente do Instituto Nacional de Câncer indicou 7,54 casos desse tipo de tumor para cada 100 mil habitantes.
Portanto, evitar horários de maior incidência dos raios ultravioleta – entre 10h e 16h – e sempre utilizar protetor solar a partir do fator 30 deve ser um mantra, ainda mais para as pessoas de pele mais clara. É por isso que uma informação bastante encontrada na internet e em redes sociais, e que parece ir de encontro a esse consenso, pode chamar a atenção e provocar dúvidas sobre sua veracidade: o sol faz bem a pacientes com algumas doenças de pele, especialmente a psoríase.
A psoríase é uma doença inflamatória e crônica (não tem cura e o paciente convive com ela por toda a vida). Portanto, ela só pode ser apenas controlada. Manchas escamosas e avermelhadas na pele são o principal sintoma, problema que ocorre por causa de uma reação exagerada do sistema imunológico, que passa a atacar o próprio organismo. Diante de um quadro tão sensível, imaginar que o sol possa trazer algum benefício trai o instinto do paciente de evitar a exposição da lesão – seja por medo de piorá-la ou pela reação de outras pessoas. E aqui vale ressaltar que a psoríase não é contagiosa, e o convívio com os outros não precisa ser evitado. Mas a verdade é que os raios ultravioleta podem, sim, serem aliados e melhorares a qualidade de vida do paciente.
— O grande exemplo de doenças que melhoram com o sol é a psoríase. Isso porque os raios ultravioleta reprimem a proliferação exagerada das células de defesa da pele, os linfócitos. Significa que o sol diminui a inflamação da pele — explica a médica dermatologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Seccional RS (SBD/RS), Clarissa Prati.
Tratamento da psoríase avançou
Mas os riscos da exposição exagerada ao sol não desaparecem para quem tem a doença. Por isso, a médica alerta que o banho de sol para tratar os sintomas deve ser adequado a cada paciente.
E os cuidados devem ser os mesmos, principalmente com relação ao horário de exposição – ideal antes das 10h e após as 16h.
— É preciso deixar claro que o sol ameniza os sintomas. Trata-se de uma medida que tem de vir associada ao tratamento médico, e isso em alguns casos. Sempre será necessária a avaliação de um dermatologista, até mesmo para diagnosticar corretamente a doença — alerta Clarissa.
Ela destaca que, atualmente, os pacientes com psoríase dispõem de boas opções de tratamento graças a pesquisas recentes foram atrás das origens da doença. Para casos extremos, já existem medicamentos injetáveis que atuam nos mediadores inflamatórios, as substâncias do organismo relacionadas ao processo inflamatório que é disparado pela doença.f