O Rio Grande do Sul lidera as estimativas de novos casos de melanoma - o mais grave dos cânceres de pele - para 2014, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O cálculo, que leva em conta taxas anteriores de mortalidade e incidência, com base em dados do Registro de Câncer de Base Populacional (centros sistematizados de coleta e análise de ocorrências de câncer), projeta 800 novos diagnósticos no RS apenas para este ano. São 630 a mais do que a previsão para a Bahia, por exemplo.
A origem do problema
- Isso tem a ver, primeiramente, com a constituição étnica da população - diz o médico Renato Bakos, presidente da regional gaúcha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 83% dos gaúchos - o maior percentual entre os Estados brasileiros - têm pele branca, a mais suscetível à doença.
- Indivíduos claros produzem pouca melanina, substância cuja principal função é proteger a pele dos raios ultravioleta, cancerígenos, emitidos pelo sol - explica o chefe da Seção de Dermatologia do Inca, Dolival Lobão Filho.
Cuidado com os vermelhões
O excesso de sol, especialmente quando resulta em queimaduras, é outro fator ambiental que favorece o melanoma.
- O efeito é acumulativo e começa a contar desde a infância. Quanto mais "vermelhões" alguém tem na vida, maior a chance de ter câncer de pele no futuro - afirma Bakos.
Outro aspecto que colabora para posicionar o Estado no topo do ranking, segundo o dermatologista, é o padrão sazonal de exposição solar:
- Como temos um inverno bem definido, existe uma avidez por aproveitar a primeira brecha de sol. Na ansiedade de ficar bronzeado logo, a proteção acaba em segundo plano.
Fatores de risco
- Pele clara, que costuma ficar avermelhada
- Cabelos claros
- Olhos claros
- Pintas pelo corpo
- Queimaduras anteriores pelo sol
- Sardas no rosto e/ou nos ombros
- Pintas que mudam de cor
- Feridas que não cicatrizam
Outros:
- Histórico de câncer de pele na família
- Câncer de pele anterior
- Exposição ao sol por um longo período sem proteção
- Albinos
Idade
- A incidência do câncer de pele aumenta à medida em que a pessoa envelhece, por isso idosos devem ter atenção especial.
Partes do corpo mais atingidas
- O câncer pode se desenvolver em todas as partes do corpo, mas as mais comuns são aquelas que ficam mais tempo expostas ao sol. Nessas regiões, a pele normalmente apresenta sinais de dano solar, como mudança na pigmentação, enrugamento e perda de elasticidade.
- orelhas
- rosto
- couro cabeludo
- pescoço
- mãos
Para prevenir
- O sol não queima apenas quando se está na praia. Ao caminhar pela rua para suas atividades diárias, passe filtro solar nas áreas desprotegidas pelas roupas, principalmente o rosto, as mãos e as orelhas.
- O filtro solar pode ser aplicado a partir dos seis meses de idade. Consulte o dermatologista para saber qual é o ideal para a idade ou o tipo de pele.
- Evite, mesmo com protetor solar, o sol entre as 10h e as 16h. Nestes horários, a radiação ultravioleta B (a mais carcinogênica) é mais forte.
- Na praia, é fundamental a proteção física. Use camiseta, óculos escuros e boné ou chapéu para se proteger do sol. Sempre que possível, fique na sombra.
- Como a areia reflete a radiação solar, até na sombra é indicado o uso do filtro solar.
- Passe protetor nas áreas do corpo desprotegidas da vestimenta. Reaplique a cada duas horas ou após suor excessivo/banho de mar.
PRESTE ATENÇÃO
- Não custa lembrar: câmaras de bronzeamento artificial estão proibidas pela Anvisa em todo o Brasil. De acordo com o órgão, elas são responsáveis por aumentar em até 70% a incidência de câncer de pele em pessoas com menos de 35 anos.
Mutirão no Estado
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove neste sábado, Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele, um mutirão de atendimento em cinco cidades do Estado. Entre médicos e pessoal de apoio, 285 voluntários devem realizar mais de 1,5 mil exames clínicos. Os pacientes que tiverem suspeita de câncer de pele serão submetidos a biópsia e, se confirmado o diagnóstico, terão tratamento gratuito. Pessoas que se incluem no grupo de risco são as mais orientadas a procurar os postos de atendimento. Elas serão examinadas por ordem de chegada.
Porto Alegre
Ambulatório de Dermatologia Sanitária
Av. João Pessoa, 1327, das 9h às 12h
Hospital de Clínicas
Rua Ramiro Barcelos, 2350, das 9h às 12h
Hospital São Lucas
Av. Ipiranga, 6690, conj. 301, das 9h às 15h
Complexo Hospitalar Santa Casa
Rua Sarmento Leite, 187, das 12h às 15h
Universidade Federal de Ciências da Saúde
Rua Sarmento Leite, 187, das 9h às 12h
Canoas
Hospital Universitário da Ulbra
Av. Farroupilha, 8001 - Prédio 21, a partir das 9h
Pelotas
Centro de Especialidades Municipal
Rua Voluntários da Pátria, 1428, das 9h às 15h
Rio Grande
Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Correa Jr.
Rua Canabarro s/nº - das 8h às 12h
Santa Maria
Hospital Universitário
Av. Roraima, 1000, das 9h às 15h