A doença celíaca uma reação do sistema imunológico à ingestão do glúten. Em contato com essa proteína, os celíacos têm uma resposta inflamatória no intestino: as vilosidades do órgão, responsáveis pela absorção de nutrientes, ficam danificadas. Como consequência dos problemas de absorção, os pacientes podem apresentar anemia, intolerância à lactose, desconforto e distensão abdominal e diarreia.
– A manifestação da doença pode ser muito intensa, com quadro de desnutrição severa e anemia importante. Nesse grupo de pessoas, o diagnóstico é mais precoce. Aqueles com sintomas mais leves têm a confirmação mais tardia, na faixa dos 30 anos – afirma o gastroenterologista Paulo José Carvalho, membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
Quais os benefícios de cortar o glúten?
A dieta isenta do glúten, presente no trigo, na cevada e no centeio, é recomendada como único tratamento para pessoas que têm a doença celíaca. Quem opta por retirar produtos que contenham essa proteína por conta própria, em tese, não obtém benefício algum.
– Cientificamente, não há comprovação de que o glúten faça mal. Se consumido adequadamente, não fará mal. Mas a vida ocidental é dependente do trigo: come-se muito pão, bolacha, massa. O ideal é variar e ingerir menos produtos com a proteína – sugere a nutricionista do Hospital da Criança Conceição Daisy Lopes Del Pino, que atua no Ambulatório de Doença Celíaca da instituição.
O que cuidar?
O ponto fundamental do celíaco é ter o diagnóstico da doença, que afeta diretamente a absorção dos nutrientes, podendo levar à desnutrição e anemia. Uma vez que o glúten é retirado da dieta, as vilosidades do intestino voltam ao normal, assim como a absorção dos nutrientes. Além dos cuidados com a contaminação cruzada – uma fôrma usada para fazer um bolo com glúten não pode ser utilizada para preparações isentas de glúten, por exemplo –, os celíacos precisam aprender a ler os rótulos, pois muitos industrializados utilizam matérias-primas com essa proteína.
– Não dá para usar o mesmo pote plástico, fôrmas e esponja, por exemplo – destaca Daisy.
Outra questão que merece atenção é como substituir as farinhas com essa proteína sem perder nutrientes. Segundo Daisy, as dietas sem glúten são pobres em vitaminas do complexo B, podem ser deficientes em ferro – pois a maioria das farinhas de trigo são enriquecidas com o mineral –, e também podem ser carentes em fibras:
– As farinhas substitutas, como de arroz e de milho, são muito processadas. Portanto, recomendamos incluir hortaliças e alimentos ricos em fibras. Em decorrência da má absorção, quem tem doença celíaca também pode desenvolver intolerância à lactose, o que pode prejudicar sua ingestão de cálcio.
Quem pode seguir?
Pessoas com diagnóstico de doença celíaca são as únicas beneficiadas. Não há comprovação de que a população em geral tenha algum ganho com a retirada do glúten da alimentação.
Cuidado com a aveia!
Embora não tenha glúten, a aveia brasileira é cultivada ou processada em ambientes próximos ao trigo, o que provoca contaminação cruzada.
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