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Cafeína faz bem? Conheça os benefícios e os riscos

Composto natural pode servir de pré-treino e ajudar na performance cognitiva, mas também pode trazer prejuízos, especialmente para o coração

Zero Hora

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Substância está presente no café.

Um dos estimulantes psicoativos mais consumidos no mundo, a cafeína é conhecida por aumentar o estado de alerta e melhorar o desempenho físico. No entanto, doses elevadas podem trazer riscos, principalmente para o coração.

A substância está presente em diversos alimentos consumidos no dia a dia — do tradicional cafezinho ao chimarrão, e até mesmo no chocolate. 

Mas é preciso ter atenção à quantidade: o consumo excessivo de cafeína pode levar a pessoa a ter arritmias cardíacas e palpitações, ocasionadas pelo aumento da pressão arterial.

O que é a cafeína?

A cafeína é um composto químico natural que pode ser encontrado em plantas como café e cacau. 

O efeito estimulante ocorre porque ela bloqueia a ação da adenosina, um neurotransmissor que promove a sensação de cansaço. Dessa forma, o cérebro se mantém em estado de alerta por mais tempo.

Além de presente no café, a cafeína também está em outros alimentos. É o caso de chás, como o mate, o verde e o preto, além de refrigerantes de cola, chocolates e bebidas energéticas. 

Também é possível consumi-la em cápsulas, mais comuns entre praticantes de atividades físicas que buscam potencializar o desempenho nos treinos.

Benefícios e malefícios da cafeína

Mas, e então, a cafeína faz bem ou mal? Segundo a nutricionista Annia Rossini, o segredo está no equilíbrio.

— A cafeína acelera o metabolismo e estimula a liberação de adrenalina, o que pode ser benéfico, já o excesso pode causar irritabilidade, ansiedade, aumento da pressão arterial e até desidratação. Não há problema em consumir, mas é preciso moderação — afirma.

Quais os benefícios da cafeína?

Conforme a nutricionista, em quantidades moderadas, a cafeína é capaz de trazer diversos benefícios para o organismo. 

Entre eles, está a melhora da performance física e mental, podendo até ajudar a diminuir a depressão leve.

Para quem costuma praticar exercícios físicos, por exemplo, ela pode ser um aliado no famoso "pré-treino", além de auxiliar na perda de peso, por inibir o apetite.

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Na quantidade certa, o café preto pode ser um ótimo pré-treino.

— A cafeína tem um efeito termogênico, ou seja, acelera o metabolismo e pode ajudar no controle de peso. Além disso, também melhora a performance muscular, pois promove uma contração mais rápida da musculatura e da fadiga. A cafeína por si só não vai emagrecer, mas vai auxiliar e, até por isso, um cafezinho preto é um bom pré-treino — explica a especialista.

E os malefícios da cafeína?

A cafeína está associada à irritabilidade, à ansiedade e também ao aumento da pressão arterial, segundo Rossini. 

É, basicamente, o aumento do estresse, o que pode aumentar a tendência de problemas cardíacos ou mesmo intestinais, devido ao estímulo ao sistema nervoso.

— Até na inibição da fome, ou seja, pode causar desnutrição pela falta de apetite, quando ocorre o excesso de consumo de café. Sendo diurético, também pode desidratar, estimulando a bexiga a trabalhar muito e, por consequência, produzir mais urina. Por isso, o ideal é intercalar o consumo da substância com copos de água — aponta a nutricionista.

Outro malefício é o nutricional. Isso porque, o consumo da cafeína logo após as refeições, pode prejudicar a absorção de cálcio e ferro.

— É uma atenção que a gente precisa dar. Muita gente gosta de tomar aquele cafezinho logo após as refeições, mas o ideal é que seja apenas 30 a 40 minutos após — indica Annia.

Por fim, a cafeína também pode aumentar a demanda cardíaca. Sendo um estimulante, a substância pode causar o aumento da pressão arterial, do estresse, da glândula adrenal. Ela pode, no fim das contas, aumentar a função corporal como um todo, alerta Annia Rossini. 

Quando a cafeína é um risco para o coração?

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Ingestão maior do que o tolerável de cafeína pode ser um vilão para a saúde cardiovascular.

Em relação à saúde cardiovascular, segundo o doutor cardiologista Paulo Behr, chefe da Clínica de Dislipidemia Hospital São Francisco, da Santa Casa de Porto Alegre, o prejuízo ocorre quando a ingestão da substância ultrapassa o limite tolerável para o organismo

O recomendado para um adulto é consumir o máximo de 400 miligramas de cafeína por dia, que no caso do café, equivale a duas a quatro xícaras.

Neste sentido, doses elevadas são capazes de causar o aumento da pressão arterial, o que, por consequência, pode causar arritmias cardíacas e palpitações. No entanto, isso pode variar de pessoa para pessoa.

— Algumas pessoas metabolizam a cafeína rapidamente, enquanto outras demoram mais para eliminá-la do organismo. Quem tem um metabolismo mais lento pode sentir efeitos como insônia, aumento da ansiedade e taquicardia mesmo com doses menores — alerta Behr.

Por isso, para quem já tem predisposição a problemas cardíacos, a recomendação é ainda mais restritiva.

— Pessoas com históricos de arritmias, por exemplo, devem evitar ou ingerir o mínimo possível de cafeína, além de evitar fontes altamente concentradas, como bebidas energéticas. Também tem aquelas pessoas que se alimentam mal, dormem pouco e consomem muito café, o que por consequência pode causar uma hipertensão ou até mesmo doenças cardíacas — afirma o médico.

Além da alta concentração de cafeína, muitas bebidas energéticas contêm outros estimulantes, como taurina e guaraná, potencializando seus efeitos no organismo.

— O consumo exagerado de energéticos pode levar a um aumento excessivo da pressão arterial e desencadear arritmias. Em casos extremos, pode também ocorrer um quadro de insuficiência cardíaca ou até parada cardíaca — explica o especialista.

Cafeína atrapalha o sono?

Sim, o efeito estimulante da cafeína pode impactar a qualidade do sono. Isso porque a substância tem uma vida útil no organismo de até sete ou oito horas, atingindo o pico de ação cerca de 45 minutos após o consumo. 

Uma xícara de café no fim da tarde pode influenciar o descanso noturno, dificultando o adormecimento e comprometendo a qualidade do sono profundo, afirma a nutricionista Annia Rossini:

— A gente até consegue dormir. Porém, não é aquele sono restaurador, o sono ideal, que a gente diz. Os principais sintomas, normalmente, são no dia seguinte. Sono, necessidade e mais café e por aí vai, entrando em um ciclo vicioso.

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Cafeína também pode prejudicar a rotina de sono.

Por isso, o ideal é evitar o consumo de cafeína no final do dia, principalmente para quem já enfrenta dificuldades para dormir. 

Bebidas como café, chá-mate e chimarrão devem ser ingeridas com moderação à tarde e, preferencialmente, evitadas no período noturno.

— Eu sempre brinco com isso. É café, café e café. Tem gente que chega aqui e já pergunta se tem um cafezinho. Eu olho pro relógio e já digo: são quatro da tarde, não tem mais — brinca Annia. 

Equilíbrio é fundamental

Assim como muitas substâncias, a cafeína pode ser benéfica quando consumida com moderação, mas se torna perigosa quando ingerida em excesso — ou seja, acima do recomendado, podendo variar para cada pessoa.

Por isso, para quem deseja aproveitar seus efeitos positivos sem prejudicar a saúde, o ideal é buscar um equilíbrio no consumo.

— Ainda para quem tem dúvidas sobre o consumo ideal, vale buscar orientação com um nutricionista ou cardiologista, principalmente em casos de histórico familiar de doenças cardíacas — finaliza Annia.

*Produção: Murilo Rodrigues

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