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Após primeiro caso de raiva em morcego em Caxias do Sul, saiba o que fazer ao encontrar os animais em casa

Embora raro, o contágio pelo vírus pode ser letal. Secretaria Municipal de Saúde orienta que a população não toque nos animais e que mantenha a vacinação dos pets em dia

Marília de Sousa Pereira / Divulgação Vigilância em Saúde
Aparecimento destes animais ocorre frequentemente nesta época do ano.

Era fim da tarde do dia 27 de janeiro quando a psicóloga Suélen Vanassi, 35 anos, percebeu a presença de um visitante inusitado na sacada do apartamento onde mora, no bairro Panazzolo, em Caxias do Sul.

— Um morcego, carinhosamente apelidado de Batman — escreveu ela em uma rede social na semana em que encontrou o animal.

Apesar do bom humor, Suélen passou por momentos de apreensão com a “visita indesejada”. Ela relata que, como já haviam surgido outros casos de aparecimento de morcegos na região onde mora, decidiu não mexer no bicho e esperar que ele fosse embora. Porém, conforme Suélen, a preocupação também era em relação ao seu gatinho de estimação, o Otto.

— Ele (gato) estava atento. Instintivamente, tentava alcançar o morcego. Meu coração gelou. Será que ele encostou? Será que foi mordido? Esperei o morcego ir embora, pois minha sacada é aberta e ele teria por onde sair — afirma.

Suélen Vanassi / Arquivo Pessoal
Morcego foi encontrado na sacada do apartamento de Suélen, no bairro Panazzolo.

No dia seguinte, imaginando que o animal tinha ido embora, a psicóloga tomou um susto. Ele permanecia dentro de casa. A apreensão ficou maior quando viu que o gatinho Otto estava ao lado do morcego. Como não sabia se os animais tiveram contato e com receio de que o morcego estivesse contaminado com raiva, Suélen tentou isolá-lo com um balde até a chegada da Vigilância Ambiental em Saúde, porém, o bicho escapou novamente. Ela acredita que o morcego tenha ido embora no final do dia 28 de janeiro.

Como a vacina contra a raiva do gatinho Otto estava vencida, Suélen precisou correr contra o tempo. O pet tomou outras duas doses da imunização, está bem e ficará sob observação da Vigilância Ambiental durante seis meses. Por segurança, a psicóloga também foi orientada a tomar quatro doses da vacina antirrábica.

— Foram dias tensos, estressantes e assustadores, mas que serviram de alerta, pois a raiva é letal e não tem cura — relata Suélen.

Suélen Vanassi / Arquivo Pessoal
Otto recebeu doses da vacina contra a raiva da Vigilância Ambiental em Saúde.

Cuidados são essenciais

A situação pela qual Suélen passou traz um alerta importante. Tanto que, na última semana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou que um morcego encontrado morto no pátio de uma casa em Caxias do Sul teve resultado positivo para raiva. Foi o morador de uma casa entre os bairros Santa Lúcia e Vinhedos que entrou em contato com a Vigilância Ambiental, que fez o recolhimento.

Em 2025, 27 animais já foram encaminhados para análise ao Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, em Eldorado do Sul, que é o laboratório estadual de referência em raiva. Em 2024 foram dois infectados de um total de 72 analisados. A raiva não é registrada em humanos no Estado desde a década de 1980. Ainda assim é preciso cuidado, já que o risco de transmissão é alto e ocorre por meio da saliva do animal.

O diretor técnico da Vigilância Ambiental em Saúde, médico veterinário Rogério Poletto, destaca que o aparecimento destes animais ocorre frequentemente nesta época do ano, pois eles ficam mais ativos com o calor. Eles buscam a zona urbana devido à abundância de alimento, como cupins, baratas, mosquitos e mariposas, e têm seus filhotes. Conforme os recém-nascidos se tornam aptos a voar, inicia-se a migração de saída da cidade, que ocorre a partir de fevereiro. 

— É preciso fazermos esse alerta à população de que existe, sim, um perigo. Por isso recomendamos que as pessoas não peguem esses animais com as mãos, que não toquem neles, pois há a possibilidade de estarem doentes com raiva — alerta Poletto.

Assim como no caso do gatinho da psicóloga Suélen, Poletto orienta que a população mantenha os animais domésticos vacinados contra a raiva, pois cães ou gatos podem caçar os morcegos.

— Se os animais tiverem contato com um morcego contaminado, eles podem adoecer também. Então, a gente recomenda que quem tem animais de estimação que os vacine contra a raiva e que mantenham a imunização em dia — diz.

Caso ocorra qualquer tipo de contato sem proteção com os morcegos, é preciso lavar com água e sabão o local atingido e procurar uma unidade básica de saúde (UBS) para tratamento preventivo contra a raiva. O contato com a Vigilância Ambiental em Saúde é pelo telefone (54) 3901-2503.

A Vigilância Ambiental deve ser acionada quando aparecerem:

  • Morcegos fazendo voos diurnos (o animal saudável tem hábitos noturnos)
  • Morcegos caídos no chão, em sacadas, pátios ou dentro das residências (quartos, banheiros…)
  • Morcegos que tiveram contato com cães ou gatos (caçados por esses animais) ou com humanos

O que fazer quando encontrar um morcego

  • Não toque no morcego
  • Coloque um balde, toalha ou caixa sobre ele, para que o animal não escape até a chegada da equipe da Vigilância
  • Contate a Vigilância Ambiental em Saúde pelo telefone 3901-2503
  • Para orientações gerais, ligue para o Alô Caxias, no número 156
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