O Ministério da Saúde deu início, nesta segunda-feira (11), a uma nova fase da Epicovid, pesquisa epidemiológica da covid-19 no Brasil. O trabalho busca avaliar as sequelas em pessoas infectadas pelo coronavírus durante a pandemia. Para isso, 33.250 pessoas deverão ser entrevistadas em 133 municípios do país.
No Rio Grande do Sul, está prevista a realização de visitas domiciliares em oito localidades. Tratam-se de Porto Alegre, Caxias do Sul, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana e do eixo Santa Cruz do Sul-Lajeado. A expectativa é de que 2 mil pessoas sejam ouvidas nas cidades gaúchas.
O estudo é coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e encomendado à Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
— Lá naquele pior momento da pandemia no Brasil, nós conduzimos aquele estudo famoso, o Epicovid, que era para monitorar em tempo real a disseminação do vírus. Agora, quatro anos depois, estamos voltando a fazer uma pesquisa com outro objetivo: entender o impacto que a pandemia causou na vida das pessoas, das famílias. Seja nas finanças, no emprego, na educação das crianças, na saúde mental das pessoas — explica o professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal.
O objetivo é, a partir do estudo de base populacional, ter informações como quantas vezes a pessoa teve a doença e se os sintomas persistem.
— Trata-se de uma doença nova. Ainda estamos aprendendo com esse vírus, e a "covid longa" nos preocupa muito — comenta a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.
De acordo com a secretária, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 20% das pessoas, independentemente da gravidade da doença, desenvolvem condições pós-covid. Diante desse cenário, Ethel Maciel reforça a necessidade de um diagnóstico preciso para que os serviços de atendimento neurológico, fisioterapia e assistência em saúde mental na rede pública de saúde sejam ampliados.
Epicovid 2.0: como vai funcionar
A expectativa é de que as entrevistas sejam realizadas até o final do mês. As cidades brasileiras selecionadas, incluindo as gaúchas, são as mesmas que já fizeram parte das rodadas anteriores do trabalho científico.
Com as respostas dos questionários as famílias vão ajudar a ciência brasileira a compreender bem quais foram os impactos da pandemia na vida das pessoas.
PEDRO HALLAL
Coordenador da pesquisa
Em cada município, 250 pessoas sorteadas aleatoriamente serão ouvidas sobre questões centradas em vários pontos: vacinação, histórico de infecção pelo coronavírus, sintomas de longa duração e os efeitos da doença sobre o cotidiano. Somente um morador da residência escolhida responderá ao questionário.
— A gente faz um apelo para que as pessoas participem. Dessa vez, é super importante dizer que não tem coleta de sangue, não tem coleta de material biológico, é simplesmente um questionário. Ele vai durar ao redor de 30 minutos e só com as respostas dos questionários as famílias vão ajudar a ciência brasileira a compreender bem quais foram os impactos da pandemia na vida das pessoas — afirma Pedro Hallal.
Pesquisadores estarão identificados
Segundo o Ministério da Saúde, todas as entrevistas serão realizadas pela empresa LGA Assessoria Empresarial, contratada após apresentar a melhor proposta em pregão eletrônico. Além disso, no comunicado feito pelo governo federal, é destacado que "os profissionais receberam treinamento e estarão devidamente identificados com crachás da empresa e coletes brancos com as marcas da UFPel, da Fundação Delfim Mendes Silveira (FDMS) e da LGA".
A orientação é que, em caso de dúvidas, os moradores entrem em contato com as prefeituras. A empresa LGA também pode ser acionada através dos telefones (31) 3335-1777 e (31) 99351-2430.