O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) inaugurou na manhã desta quinta-feira (15) as novas instalações do seu bloco cirúrgico, que agora conta com uma estrutura para até 40 salas de operação. Os espaços ocupam uma área de 11 mil metros quadrados, dividida entre três andares do prédio B da instituição, cujas obras foram concluídas no segundo semestre de 2019. Para marcar o início das atividades, uma cirurgia inaugural será realizada na sexta-feira (16).
A ocupação do prédio anexo ao edifício principal começou em 2020, durante a pandemia de covid-19, com a transferência dos leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) abertos na época. Em seguida, foi a vez das emergências de adultos e crianças. Outros andares foram sendo ocupados posteriormente e a migração do bloco cirúrgico representa o encerramento desse processo.
Instalado no quarto andar, o novo bloco cirúrgico tem capacidade para 40 salas de operação. Entretanto, inicialmente, apenas 13 serão ocupadas — as demais entrarão em funcionamento a partir do recebimento de recursos humanos e financeiros. Nesse espaço, também está a área de preparo avançado.
No terceiro andar, estão a recepção do setor de cirurgias, a área administrativa, o vestiário dos pacientes e as salas de preparo pré-operatório e de recuperação pós-anestésica. Em um primeiro momento, serão ocupadas somente 27 vagas de recuperação, mas a capacidade total do espaço é de 112 leitos para o pós-operatório.
Já no segundo andar, ficam o serviço de anestesiologia, os vestiários dos funcionários e as áreas de apoio das equipes assistenciais. Além de espaços de refeitório, conforto e estudo para os profissionais que atuam na área, que também foram entregues nesta quinta e viabilizados por meio de uma parceria do HCPA com a Unicred Porto Alegre.
Benefícios para profissionais e pacientes
De acordo com o diretor médico do Hospital de Clínicas, Brasil Silva Neto, as principais mudanças são a ampliação e a modernização dos setores. Somente no quarto andar, foi investido em torno de R$ 10,5 milhões em equipamentos e mais R$ 2,2 milhões em adequações da área física para fazer as instalações necessárias.
— No bloco A, que é o prédio original do Hospital de Clínicas, nós tínhamos um bloco cirúrgico com 50 anos de funcionamento que abrigava 13 salas, com tamanhos muito menores do que as construídas aqui no novo prédio. Então, há uma evolução no sentido de que elas são mais amplas, com possibilidade de agregar tecnologia, e de que temos um número de salas muito maior — aponta.
A primeira fase, comenta, foi trazer para o prédio novo as salas cirúrgicas, enquanto a segunda envolverá a transferência das seis instalações que estão alocadas no antigo centro cirúrgico ambulatorial, que é destinado a procedimentos de menor complexidade. Assim, ficarão 19 salas em operação — número que deve aumentar progressivamente, conforme a entrada de recursos humanos e financeiros.
As novas salas cirúrgicas têm três tamanhos diferentes e já estão sendo montadas com os equipamentos que eram utilizados no prédio A. O espaço anterior funcionou de 27 de abril de 1973 a 9 de junho deste ano, somando um total de 1,3 milhão de procedimentos. Somente em 2022, foram realizados 44.314 procedimentos e 346 transplantes no HCPA, sendo que 90% dos atendimentos são para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na avaliação do diretor médico, a mudança traz mais conforto e facilidades tanto para as equipes quanto para os pacientes:
— O espaço antigo já era muito pequeno para as demandas do hospital. Essa mudança vai nos permitir fazer realocações de agenda e isso certamente traz facilidades para os pacientes. Há um ambiente muito mais amplo, mais acolhedor.
Katia Moraes, enfermeira chefe da sala de recuperação pós-anestésica, afirma que a antiga área destinada aos pacientes que recém saíram da cirurgia também era muito menor. A transferência para o prédio B, segundo ela, possibilita oferecer para a população um espaço melhor, mais amplo, seguro e tecnológico.
— Já nesse primeiro momento vamos conseguir trabalhar com monitores que fazem a integração dos sinais vitais direto para o prontuário online do paciente. Vamos conseguir extinguir o papel na sala de recuperação. Também vamos trabalhar com o projeto Beira Leito, que é a administração de medicamentos à beira do leito do paciente. Não tínhamos isso no bloco A por dificuldades na estrutura física — diz.
O início da operação da nova estrutura ocorre a partir da próxima segunda-feira (19), de forma parcial, e a pleno a partir de 26 de junho.
Projeto do novo prédio começou em 2011
Brasil Silva Neto explica que o processo de construção do novo prédio do HCPA começou em 2011. A conclusão da obra ocorreu no segundo semestre de 2019 e a ocupação do espaço iniciou em 2020, durante a pandemia de coronavírus.
O sexto e o sétimo andar do prédio comportam Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). No quinto está o centro de material esterilizado (CME). Conforme o diretor médico, essa foi uma das primeiras mudanças e representa um avanço dentro da estrutura hospitalar, já que o CME antigo era menor e estava sobrecarregado pelo volume de materiais que aportava no dia a dia.
No segundo andar, além das áreas inauguradas nesta quinta, ficam o setor de hemodinâmica do hospital e a unidade de urgências cardiovasculares (UCC). Já o serviço de emergência adulto e pediátrico foi migrado definitivamente para o térreo entre agosto e setembro de 2022.
— Essa é a última entrega. Houve um retardo de cronograma por conta da pandemia, mas por um lado ela nos trouxe o aprendizado de que era possível fazer a migração estabelecendo alguns parâmetros de planejamento e balizando alguns critérios de tomada de decisão. E é um momento de muita alegria para nós. Foi um esforço muito grande, com muitos envolvidos, para chegar no dia de hoje. Está todo mundo otimista e esperançoso para vir para a “casa nova” e trabalhar com mais qualidade — salienta
O valor total de construção do bloco B foi de R$ 293 milhões.