A covid longa, como é conhecida a condição de persistência de sintomas e limitações após a doença, tem devastado dezenas de milhões de vidas e sobrecarregado sistemas de saúde e economias pelo mundo. O alerta é do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que, em artigo publicado no jornal britânico The Guardian nesta quarta-feira (12), conclamou países a agirem imediatamente para enfrentar o que classificou como “crise muito séria”.
Segundo Tedros, o mundo nunca esteve em melhores condições de dar fim à pandemia de coronavírus, iniciada na China, em 2019, mas está claro que muitos dos indivíduos que foram infectados estão enfrentando sofrimento prolongado.
De acordo com a publicação, a covid-19 matou 6,5 milhões de pessoas e atingiu mais de 600 milhões. A estimativa da OMS é de que 10% a 20% dos sobreviventes tenham ficado com sequelas como fadiga, falta de ar e problemas cognitivos de média e longa duração. Mulheres estão mais propensas a sofrer o impacto da covid longa.
O diretor orienta que países devem investir em pesquisa sobre o tema e prover acesso a tratamento para os pacientes. “No início da pandemia, era importante que os sistemas de saúde focassem todos os seus esforços para salvar as vidas dos doentes com infecção aguda”, escreve Tedros. Agora, entretanto, é fundamental que os governos tenham planos para que o sistema e os profissionais de saúde possam lidar com a covid longa.
Segundo o representante máximo da OMS, são fundamentais para isso: antivirais para pacientes sob risco de desenvolver doença grave; investimento em pesquisa e compartilhamento de conhecimento para prevenir, detectar e tratar pacientes com maior eficácia; dar suporte àqueles que precisam de atendimento para comprometimentos físicos e mentais; prover ajuda financeira aos indivíduos incapacitados de trabalhar.
Estudo analisa dados de 100 mil pessoas
Um dos maiores estudos já realizados sobre a covid longa foi divulgado nesta quarta-feira com resultados preocupantes. A pesquisa, publicada no periódico Nature Communications, é de autoria de cientistas da Escócia e analisou dados de 100 mil pessoas daquele país.
Os resultados demonstram que, de seis a 18 meses após a infecção pelo coronavírus, um em cada 20 pacientes não se recuperou, e 42% disseram se sentir apenas parcialmente melhor. De acordo com o levantamento, infectados assintomáticos (que não apresentam sintomas) são menos propensos a sofrer efeitos de longa duração, e a vacinação parece oferecer alguma proteção para a covid longa.