Nos últimos dias, clínicas particulares e unidades de saúde de Porto Alegre têm registrado procura por vacinas contra a varíola. O imunizante não está disponível no Brasil desde a década de 1970, período em que o país erradicou a doença após uma campanha nacional de vacinação. Os pedidos pelo imunizante começaram em maio, com a divulgação de surtos da varíola dos macacos em países da Europa e nos Estados Unidos. O Brasil tem quatro casos suspeitos no momento, um deles em Porto Alegre. No entanto, não há medicamentos ou imunizantes contra a varíola dos macacos e a varíola comum no país neste momento nem previsão de que serão disponibilizados à população.
Uma das vacinas contra a varíola comum existentes hoje no mercado, o imunizante Jynneos, mostrou-se 85% eficaz na prevenção da varíola dos macacos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e também não tem autorização para ser importado pelas clínicas particulares do país. GZH conversou com funcionários de clínicas particulares de Porto Alegre nesta semana. Eles relataram dúvidas e confusões de clientes quanto aos imunizantes.
Entre os relatos, destaca-se que as pessoas confundem a a vacina da varíola, que havia há 50 anos, com a da varicela, que é catapora. As duas doenças, varíola e varicela, causam lesões na pele, o que tem gerado dúvidas na população, explica Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC).
— É papel de cada clínica e estabelecimento de saúde passar as orientações de que a vacina para a varicela não concede proteção para a monkeypox (varíola dos macacos, em inglês) e também explicar que a vacina usada no passado para varíola não é mais usada há anos no Brasil.
De acordo com a ABCVAC, um levantamento feito com associados em maio indicou que 75% das clínicas no Brasil informaram que "há pacientes procurando por vacina" da varíola. Segundo a organização, a dúvida mais comum é se o imunizante da varicela concede proteção contra a varíola dos macacos e se há possibilidade de o Brasil ter vacina contra a doença.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre informou que as equipes das unidades de saúde também têm recebido "questionamentos pontuais" sobre a disponibilidade do imunizante da varíola. A pasta acrescenta que os profissionais orientam a população sobre a situação de não haver medicamentos ou imunizantes contra a varíola comum e a varíola dos macacos no país.
Em nota à reportagem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por autorizar imunizantes no país, reforçou que não há medicamento nem vacina registrados e autorizados na agência com a indicação para tratamento ou prevenção da varíola dos macacos ou varíola comum no momento.
Além disso, a Anvisa diz não ter recebido solicitação de laboratórios farmacêuticos para o registro de vacinas ou medicamentos para nenhuma das doenças. "As vacinas contra a varíola não estão mais disponíveis no mercado para a população geral e como os casos da monkeypox são raros, a vacinação universal não é indicada", informou a Anvisa.