A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul informou nesta terça-feira (31) que investiga um caso suspeito de varíola dos macacos (Monkeypox, em inglês). O paciente é um adolescente de 16 anos. Outros três estão em investigação pelo Ministério da Saúde no Brasil: um em Porto Alegre, um no Ceará e outro em Santa Catarina.
Em Mato Grosso do Sul, o adolescente, morador de Porto Quijarro, na Bolívia, procurou atendimento médico no município de Corumbá em 29 de maio. Ele segue internado e isolado no Hospital Santa Casa. O jovem apresenta febre, ínguas nas axilas e na virilha e lesões avermelhadas/arroxeadas nos membros superiores, com disseminação para o tronco e os membros inferiores.
Outras lesões inflamadas foram detectadas no couro cabeludo e no tórax. Em 26 de abril, o jovem esteve em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde passou por uma consulta com um médico neurologista. A mãe afirmou que eles não tiveram contato com nenhum indivíduo com sintomas semelhantes quando foram a Santa Cruz de La Sierra.
A Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul informa que foram solicitados diversos exames para a investigação do caso.
Desde o início de maio, mais de 20 países onde o vírus monkeypox não costuma circular já registraram casos. A Europa é a região mais afetada, com quase 70% dos diagnósticos concentrados na Espanha, no Reino Unido e em Portugal. Argentina, México, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Israel e Emirados Árabes Unidos também relataram infecções.
O que é varíola dos macacos?
A varíola dos macacos, ou ortopoxvirosis simia, é uma doença rara cujo patógeno pode ser transmitido do animal para o homem e vice-versa. Quando o vírus se propaga para o ser humano, é principalmente a partir de diversos animais selvagens, roedores ou primatas. A transmissão de um ser humano para outro é pequena, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sintomas
Os sintomas são semelhantes, em menor escala, aos observados em pacientes antigos de varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e dorsais durante os primeiros cinco dias. Depois, aparecem erupções - no rosto, palmas das mãos e solas dos pés -, lesões, pústulas e finalmente crostas.
Como é transmitida?
A infecção nos casos iniciais se deve ao contato direto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou membranas mucosas de animais infectados.
A transmissão secundária, de pessoa para pessoa, pode ser resultado do contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias, lesões na pele de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados com fluidos biológicos ou materiais das lesões de um paciente.
O Instituto Butantan ressalta que residentes e viajantes de países endêmicos devem evitar o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas). Devem também “abster-se de comer ou manusear caça selvagem”.
O período de incubação da varíola dos macacos costuma ser de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, conforme relato do Butantan. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias.
Qual a gravidade?
A varíola dos macacos geralmente se cura por conta própria, com sintomas que duram de 14 a 21 dias. Os casos graves ocorrem com mais frequência em crianças e estão relacionados à extensão da exposição ao vírus, ao estado de saúde do paciente e à gravidade das complicações.
Analisando as epidemias, a taxa de mortalidade apresentou grande variação, mas se manteve abaixo dos 10% em todos os casos documentados, principalmente em crianças pequenas. Estima-se que a cepa da África ocidental, que afetou países de outros continentes, tenha uma taxa de mortalidade em torno de 1%.