Um paciente com sintomas de varíola dos macacos em Porto Alegre passou a ser classificado como caso suspeito da doença pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) nesta segunda-feira (30). De acordo com a pasta, o homem, que é residente de Portugal e está em viagem à Capital, é monitorado desde a última sexta-feira (27).
Mais cedo na segunda-feira, a SES havia informado que o paciente ainda não era classificado como suspeito. Em nota publicada durante à noite desta segunda (30), a pasta afirmou que “o conceito de caso suspeito estabelecido pelo Ministério da Saúde passou por uma atualização nesta segunda”, o que possibilitou reclassificar o quadro registrado em Porto Alegre.
Conforme a secretaria, o homem procurou atendimento médico nos dias 19 e 23 deste mês, e relata melhora parcial das queixas citadas com o tratamento instituído. Ele desconhece contato com pessoas em Portugal que sejam confirmadas ou suspeitas da doença. O caso segue em monitoramento e acompanhamento clínico na residência de familiares.
Conforme a SES, para ser considerado suspeito, o caso deve se referir a uma pessoa que, a partir de 15 de março deste ano, apresente início súbito de febre, adenomegalia (aumento dos linfonodos do pescoço) e erupção cutânea aguda do tipo papulovesicular de progressão uniforme, além de um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas: dor nas costas, perda ou diminuição da força física e dor de cabeça.
Quando identificadas, as suspeitas ainda seguem em investigação, a fim de descartar outras doenças que se enquadram como diagnóstico diferencial, como catapora, sarampo, dengue, zika, chikungunya, herpes zoster, herpes simples, infecções bacterianas de pele, sífilis, reações alérgicas, entre outras.
Nesta terça-feira (31), o Ministério da Saúde confirmou que trata o caso no Rio Grande do Sul como suspeito, assim como os em investigação nos Estados de Santa Catarina e Ceará. A pasta ressalta, entretanto, que não há casos confirmados na doença no país, até o momento.
Na última atualização, na quinta-feira (26), a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou o registro de 257 casos de varíola dos macacos em 23 países fora da África, continente onde a doença é endêmica. Além disso, a organização investiga outros 120 casos. Não há registros de mortes até o momento.
O que é varíola dos macacos?
A varíola dos macacos, ou ortopoxvirosis simia, é uma doença rara cujo patógeno pode ser transmitido do animal para o homem e vice-versa. Quando o vírus se propaga para o ser humano, é principalmente a partir de diversos animais selvagens, roedores ou primatas. A transmissão de um ser humano para outro é pequena, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sintomas
Os sintomas são semelhantes, em menor escala, aos observados em pacientes antigos de varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e dorsais durante os primeiros cinco dias. Depois, aparecem erupções - no rosto, palmas das mãos e solas dos pés -, lesões, pústulas e finalmente crostas.
Origem
Esta doença foi identificada pela primeira vez em humanos em 1970 na República Democrática do Congo, em um menino de nove anos que vivia em uma região onde a varíola havia sido erradicada desde 1968.
Desde 1970, foram registrados casos humanos de ortopoxvirosis simia em 10 países africanos. No início de 2003, também foram confirmados casos nos Estados Unidos, os primeiros fora do continente africano. Até agora, existem mais de 200 casos confirmados ou suspeitos em cerca de 20 países onde o vírus não circulava anteriormente.
Agora, a doença chama atenção das autoridades de saúde do mundo inteiro por causa de casos registrados em países onde a varíola dos macacos não é endêmica. Portugal já registrou 20 casos, enquanto a Espanha relatou ao menos 30.
Como é transmitida?
A infecção nos casos iniciais se deve ao contato direto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou membranas mucosas de animais infectados.
A transmissão secundária, de pessoa para pessoa, pode ser resultado do contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias, lesões na pele de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados com fluidos biológicos ou materiais das lesões de um paciente.
O Butantan ressalta que residentes e viajantes de países endêmicos devem evitar o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas). Devem também “abster-se de comer ou manusear caça selvagem”.
O período de incubação da varíola dos macacos costuma ser de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, conforme relato do Butantan. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias.
Qual a gravidade?
A varíola dos macacos geralmente se cura por conta própria, com sintomas que duram de 14 a 21 dias. Os casos graves ocorrem com mais frequência em crianças e estão relacionados à extensão da exposição ao vírus, ao estado de saúde do paciente e à gravidade das complicações.
Analisando as epidemias, a taxa de mortalidade apresentou grande variação, mas se manteve abaixo dos 10% em todos os casos documentados, principalmente em crianças pequenas. Estima-se que a cepa da África ocidental, que afetou países de outros continentes, tenha uma taxa de mortalidade em torno de 1%.