Pelo menos seis hospitais de Porto Alegre estão constatando aumento de pacientes com síndrome gripal buscando atendimento nas emergências. A boa notícia é que estes números não se refletem nas internações.
Na Santa Casa de Misericórdia, praticamente todos os dias o hospital está restringindo os atendimentos na emergência respiratória em função da alta procura, segundo a coordenadora médica das Emergências da Santa Casa, Ana Paula Aerts.
— Houve a identificação de aumento de atendimentos de pacientes com covid-19 e também de pacientes com Influenza A. Além do aumento de atendimentos, também notamos o número (maior) de resultados positivos. Mas a notícia boa é que o número de internações não aumentou. As internações por covid estão controladas — destaca a médica.
Em relação à pediatria, Ana Paula destaca que também há aumento do número de casos respiratórios, incluindo covid-19. Mas a maioria é por influenza A.
No Hospital Mãe de Deus, a situação é parecida. Em 20 de dezembro, por exemplo, foram atendidos 80 pacientes com síndrome respiratória. Na segunda-feira (3), foram 200. A instituição disponibilizou um maior número de médicos para reduzir o tempo de espera por atendimento.
Nas últimas 48 horas, o médico Willian Dalprá, diretor técnico do Hospital Divina Providência, percebeu aumento de 86% nos atendimentos por síndrome gripal na emergência da instituição e de 27,3% nos últimos 20 dias, mas isso ainda não se refletiu no número de internações.
Outros três hospitais de Porto Alegre - Nossa Senhora da Conceição, Clínicas e Moinhos de Vento - também estão registrando este aumento de atendimentos de pacientes com síndrome gripal. Estes pacientes apresentam sintomas sem gravidade e as internações têm sido raras.
Em entrevista ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, na tarde desta terça-feira (4), a diretora de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, Caroline Schirmer, revelou que o aumento de casos de influenza e covid-19 já estava sendo previsto em função de dois fatores: as festas de final de ano, que contribuíram para a propagação dos vírus, e a transmissão comunitária da variante Ômicron em Porto Alegre. As medidas de controle, conforme Caroline, seguem as mesmas da etiqueta respiratória, como o uso de máscara e de álcool gel e, ainda, o distanciamento social.
— Estamos verificando um aumento no número de atendimentos nas 132 unidades de saúde, mas os relatos são de quadros leves, com dor de cabeça, dor de garganta e tosse. Não são graves, como aqueles vividos em março e abril do ano passado, com pacientes apresentando saturação baixa ou necessitando de oxigênio — explica Caroline.
A diretora de Atenção Primária ainda destacou que, com relação à terça-feira da semana passada, o aumento de pacientes com síndrome gripal é de 10% nas unidades de saúde da Capital.
— Muitos pacientes estão positivando para influenza, e não para covid-19. Mas o mais importante é evitar circular para não transmitir o vírus. Apesar da alta procura, a necessidade de internação não se mostrou diferente das semanas anteriores — completou a médica.
Alta procura nas unidades de saúde
Uma equipe da Rádio Gaúcha circulou pelas unidades de saúde da Capital, na tarde desta terça-feira (4), e constatou alta procura por testes de covid-19. Por volta das 14h, a unidade de saúde Modelo, no bairro Santana, já não tinha mais ficha para fazer testes na data. No posto Santa Marta, no Centro, cerca de 15 pessoas aguardavam na rua para atendimento na triagem, por volta das 15h, para receberem o encaminhamento de teste para covid-19.
Os funcionários que atuam na unidade de saúde confirmaram à reportagem uma grande procura por atendimento para fazer a triagem e o teste desde o início da manhã desta terça-feira (4). Conforme as pessoas que esperavam no local, o atendimento mais demorado ocorria justamente para passar pela triagem.
— Estou há quase quatro horas esperando para fazer triagem e conseguir o encaminhamento para fazer o teste. Estou sentindo dor de cabeça e de garganta, aí decidi vir até aqui — afirmou o auxiliar administrativo, Marlon Paré.
Na Unidade de Saúde Tristeza, na Zona Sul , a procura por testes aumentou de forma significativa desde a segunda-feira (3), conforme relatou uma funcionária responsável pela organização do atendimento. No posto, por volta das 16h, estavam sendo atendidas pessoas que buscavam por médico diretamente no local ou que eram encaminhadas de outras unidades de saúde para fazer o teste. Aqueles que procuravam o posto de saúde para fazer a triagem e o teste eram orientados a esperar fora da área da unidade, para não atrapalhar a fila da vacinação. Estas pessoas seriam chamadas somente no turno da noite — que começaria às 17h.
Nas 34 unidades de Atenção Primária à Saúde gerenciadas pelo Divina Providência, em Porto Alegre, houve aumento de, pelo menos, 56% na procura por atendimento de pacientes com sintomas gripais (covid-19 e influenza) nas últimas 48 horas.
Atendimentos passam de 60 para 200 por dia na UPA Moacyr Scliar
Uma das unidades mais buscadas por moradores da Zona Norte da Capital e da Região Metropolitana, a UPA Moacyr Scliar também vem registrando mais pacientes, principalmente, para atendimento de sintomáticos respiratórios no Centro de Atendimento Respiratório Covid-19. No início de dezembro, a média era de de 60 pacientes sintomáticos respiratórios/dia. Na última semana, passaram a atender uma média de 200 ou mais pacientes diariamente.
Ainda não há aumento de internados com sintomas respiratórios. Porém, todos os dias, são pelo menos cinco pacientes aguardando internação, que entram com suspeita de covid-19. Mesma situação ocorre na área não-covid-19, onde a procura também aumentou. Na tarde desta terça-feira (4), por volta das 17h, cerca de 60 pacientes aguardavam atendimento com sintomas respiratórios.
Estado emite Aviso a todas as regiões Covid do Rio Grande do Sul
Dados recentes da Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul (SES) apontam para um aumento de casos confirmados nos últimos dias, tendo saltado de uma média diária de 5,7 a cada 1 milhão de habitantes em 26 de dezembro de 2021 para 75,9 em 3 de janeiro de 2022. Esse aumento pode ser explicado em parte devido a atrasos de registro no sistema gerados pelos feriados de Natal e Ano-Novo, mas os números são consequência também do aumento da transmissão.
Isso motivou o Gabinete de Crise e o Grupo de Trabalho (GT) Saúde a emitirem Avisos a todas as 21 regiões Covid do Rio Grande do Sul. A decisão foi tomada na manhã desta terça-feira (4), durante reunião comandada pelo governador Eduardo Leite, com participação do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior. A última vez que havia sido necessário emitir Avisos a todas as 21 regiões Covid foi em julho de 2021.