Após um período de queda e estabilização no número de casos de covid-19, a pandemia volta a se agravar no Rio Grande do Sul. O mais recente Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou um cenário de tendência de alta nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) - boa parte deles desencadeada pelo coronavírus.
Cinco das sete macrorregiões do Estado têm probabilidade de crescimento no número de registros de SRAG no final de junho. A preocupação é maior com as regiões Missioneira e Norte, mas também deve haver agravamento no quadro pandêmico na Região Metropolitana, na Serra e no Sul.
Os dados vão ao encontro da tendência de aumento nos casos e nas internações por covid-19. Atualmente, segundo o sistema de 3As, novo modelo de gestão da pandemia no RS, cinco regiões gaúchas estão sob ação (com planos já enviados), três sob alerta (prazo para envio de plano de ação termina neste sábado, 22) e 10 sob aviso, que serve como um comunicado de que é preciso dar atenção aos indicadores de saúde, mas não exige a adoção de medidas imediatas pelos municípios.
O levantamento da Fiocruz foi realizado com base em notificações feitas na semana passada por serviços gaúchos de saúde. O estudo apresenta qual a probabilidade de cada macrorregião do Estado ter redução, se manter estável ou ter aumento nos casos.
Conforme o coordenador do Boletim Infogripe, Marcelo Gomes, o RS apresenta um dos quadros mais preocupantes do Brasil:
— Ao contrário de outros Estados, o Rio Grande do Sul, mesmo que como um todo ainda apresente estabilidade, possui várias macrorregiões com tendência de crescimento, assim como o Paraná e São Paulo — explica Gomes.
A média está em 16 novos casos de SRAG para cada 100 mil habitantes no Estado. O índice já é superior ao registrado nos dois picos da pandemia de 2020, em julho e em dezembro, quando a média ficou em 10 novos casos para cada 100 mil habitantes.
O aumento representa uma quarta fase de retomada no crescimento da contaminação que preocupa o coordenador do Boletim Infogripe, pois ocorre pouco tempo depois do colapso sanitário vivido no Estado em março.
— Já vínhamos alertando que queda no número de casos está se interrompendo de forma extremamente alta. No Rio Grande do Sul, seria uma quarta fase de retomada de crescimento, sem que tenhamos conseguido baixar os números da terceira fase para níveis seguros — ressalta Gomes.
De acordo com o pesquisador, se for mantido o comportamento atual da população, se expondo mais ao risco de contaminação e, por consequência, transmitindo e se infectando mais, a tendência é de que a incidência de doenças respiratórias siga aumentando.