Uma tabela desenvolvida pela Associação Médica do Texas, nos Estados Unidos, fez sucesso na internet ao estimar o grau de risco de mais de 30 atividades para a transmissão de coronavírus. Como as liberações para uma série de atividades começam a deslanchar no país, GZH elenca algumas ações apontadas pela lista — e outras não — e mostra como fazê-las com o máximo de segurança. Além disso, confira as iniciativas de alguns locais para prevenir a contaminação.
Comer em um bufê
Pela tabela da TMA, a atividade é considerada de alto risco. Inicialmente, alguns restaurantes dessa modalidade tinham autorização para funcionar desde que os clientes fossem servidos pelos funcionários do local. Na Capital, no começo de setembro, passou a ser permitido que os próprios consumidores escolhessem os itens que iriam colocar no prato.
— Se todos estiverem de máscara, se higienizarem as mãos com álcool gel antes de se servirem, se os pratos não ficarem expostos e a máscara for retirada só na mesa, na hora de comer, a segurança é maior — diz Lessandra Michelin, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Em Porto Alegre, há exigência do uso de luvas ao montar o prato e obediência ao distanciamento mínimo de dois metros entre as pessoas na fila.
Esperar na recepção do consultório médico
De acordo com a lista da TMA, essa é uma atividade de risco baixo a moderado. Ainda assim, esses locais adotaram uma série de medidas preventivas a fim de evitar a disseminação do vírus. A Oncoclínicas Porto Alegre, por exemplo, criou um protocolo de triagem dos pacientes: um dia antes da consulta ou tratamento, é feita uma avaliação, por telefone, do estado de saúde da pessoa. O indivíduo responde se está ou esteve com febre ou se apresentou algum sintoma condizente com a covid-19.
Além disso, espalhou informativos sobre cuidados de higiene, aumentou o espaçamento entre as cadeiras de espera, ampliou a oferta de álcool gel, passou a medir a temperatura antes do ingresso no local e recomendou a redução do número de acompanhantes sempre que possível. Todas as equipes, assistenciais ou administrativas, usam a máscara N95 e telas de acrílico reforçam a proteção dos recepcionistas.
— Tem dado certo. Não identificamos nenhum caso de transmissão dentro das nossas dependências. Nem de paciente, nem de equipe — afirma o diretor técnico da Oncoclínicas Porto Alegre, Pedro Liedke, que coordena o Comitê de Crise local.
Pacientes que são identificados com algum sintoma durante a triagem presencial recebem um encaminhamento para o seu médico de referência. Depois disso, a Oncoclínicas também mantém um acompanhamento diário por telefone para monitorar a situação do paciente.
Jantar na casa de outra pessoa
Antes da pandemia, um jantar entre amigos era algo rotineiro. Assim que os primeiros casos começaram a surgir no Brasil, a recomendação era para que as pessoas ficassem em casa sempre que possível. Seis meses depois da pandemia, algumas atividades foram retomadas e, aos poucos, as pessoas se adaptam às flexibilizações. Ainda assim, jantar na casa de outra pessoa, conforme a tabela texana, apresenta um risco moderado.
Para não descuidar da segurança, a recomendação de Lessandra é sempre respeitar o distanciamento — pessoas que moram na mesma casa podem ficar mais próximas.
— Ao falar, as gotículas chegam a, no máximo, um metro. Ao tossir ou espirrar, podem alcançar dois metros. Então, a melhor alternativa é as pessoas se mantenham sentadas com distanciamento — aconselha.
Quem recebe alguma visita deve atentar à higiene do lavabo ou banheiro, que pode oferecer algum risco. Talheres, copos ou louças, após lavados, não são arriscados.
Ir à academia
Apontadas como de risco alto, as idas a academias também requerem cuidado. Para além do uso de máscaras e higienização dos equipamentos, é fundamental respeitar a distância entre as pessoas. Em Porto Alegre, decreto municipal permite o funcionamento de academias desde que obedecido o limite de um aluno a cada 16 metros quadrados, podendo estar acompanhado de um profissional.
— Eu diria que, em uma população com transmissão comunitária baixa, a academia pode ser aberta com protocolos rigorosos e baseados, principalmente, no distanciamento físico — pondera Alexandre Vargas Schwarzbold, presidente da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia (SRGI).
Além de dispensers com álcool gel espalhados em diversos pontos, as academias têm bloqueado alguns aparelhos, a fim de manter a distância entre os usuários, e criado espaços especiais para atender o público com mais de 60 anos ou que se enquadre em grupo de risco.
Schwarzbold observa que, nesses ambientes, o risco maior é para quem trabalha no local, pois está exposto a diversas pessoas, do que para quem frequenta a academia algumas vezes na semana.
Mandar os filhos para escola, acampamento ou creche
Também reiniciadas em alguns municípios gaúchos, a ida às aulas presenciais foi avaliada pelos médicos da TMA. Eles definiram a atividade como de risco moderado.
Fora as adequações feitas nas estruturas desses locais, Lessandra recomenda que os pais fiquem de olho em qualquer alteração de comportamento nos filhos — desde inapetência até comportamento mais choroso. Nesses casos, a médica indica medir a temperatura da criança e, sob qualquer suspeita de doença, deixá-la em casa:
— Os pequenos são menos afetados, mas podem ser vetores. Então, podem levar o vírus para casa. Mas, se cada família fizer a sua parte e não levar as crianças doentes à escola, ajuda.
Ir a um bar
Classificada como de alto risco, a atividade pode ser feita desde que com consciência. A regra segue a mesma dos demais ambientes: o local deve reduzir a capacidade máxima, enquanto os frequentadores devem respeitar o distanciamento entre pessoas.
Como a ideia de ir a um bar, geralmente, inclui comer e beber, Lessandra sugere o uso do escudo facial (também chamado de face shield), que oferece certa proteção sem prejudicar esses outros dois atos.
Na Capital, decreto municipal autoriza o funcionamento desses estabelecimentos com uma série de regras, incluindo mesas com, no máximo, quatro pessoas.
Transporte coletivo
Embora não conste na lista da TMA, o uso desse tipo de deslocamento também merece destaque. Lessandra reforça a recomendação de uso de máscara durante todo o trajeto – sem deixar boca ou nariz de fora – e higienização constante das mãos com álcool gel.