Qual é o risco de ser contaminado por coronavírus ao fazer as compras no supermercado? E o risco ao frequentar a academia? Ou, então, ao ir a um bar? Foram essas perguntas que uma tabela, desenvolvida pela Associação Médica do Texas (TMA, da sigla em inglês), no Estados Unidos, tentou responder.
Ao elencar mais de 30 atividades, os médicos estimaram o grau de risco que cada ação oferece: baixo, baixo a moderado, moderado, moderado a alto e alto. A avaliação foi feita por especialistas do Comitê de Doenças Infecciosas da TMA, que partiram do pressuposto de que, independentemente da atividade, os indivíduos estavam tomando todas as precauções de segurança possíveis.
Para a BBC News Brasil, o médico John Carlo, que participou da elaboração do guia, disse que o gráfico foi desenvolvido para o Texas, entretanto, pode servir para outros locais.
— Temos que considerar as diferenças nas realidades de cada lugar, é claro, mas também há muitas coisas que são semelhantes — ponderou.
Para Alexandre Vargas Schwarzbold, presidente da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia (SRGI), a tabela está correta do ponto de vista das atividades que, até hoje, se acredita oferecer mais riscos. No entanto, ele faz ressalvas:
— Primeiro, é que ela foi feita por uma instituição única, não necessariamente com o aval a sociedade médica americana inteira, e não sabemos o perfil (profissional) de quem fez tais definições. Depois, não há publicações para embasar essa certeza de estratificação de que uma coisa oferece risco médio e outra alto, por exemplo. Não existem estudos constituídos para cada ambiente ou atividade. Mas, de modo geral, ela reproduz aquilo que nós imaginamos que oferece mais risco hoje do ponto de vista de transmissão.
Schwarzbold também lembra que é preciso ter um olhar crítico e não assumir a tabela como "verdade absoluta", uma vez que não é possível saber quais foram os protocolos de segurança usados nesses cenários apontados pela lista.
Avaliação de risco
Dentre as práticas listadas estão desde uma simples abertura de correspondência _ classificada como de baixo risco — até uma ida ao cinema — atividade considerada de alto risco. Fato é que, muito mais importante do que o local para onde se vai, é a atitude que se tem.
— Ambientes ao ar livre são melhores. Porém, se for um local fechado amplo, como um shopping, e as pessoas respeitarem a distância, pode ser seguro. O que não adianta é ir para um parque e ficar aglomerado e sem máscara — avalia Lessandra Michelin, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).