O governador do Amazonas, Wilson Lima, afirmou nesta quarta-feira (22) que a pandemia já atingiu o estado crítico e que deve evoluir para uma situação caótica nas próximas semanas. Em entrevista ao Atualidade, da Rádio Gaúcha, ele reconheceu que o sistema de saúde do Estado é precário e, além do coronavírus, a região passa pelo aumento de casos de H1N1, agravado pela temporada de chuva no Amazonas.
Lima também confirmou as informações repassadas pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, em entrevista à Rádio Gaúcha na terça-feira (21), sobre a rede hospitalar estar sobrecarregada e reconhece que vítimas da covid-19 estão sendo enterradas em valas comuns na capital do Estado por falta de espaço.
— O vírus é muito agressivo. Temos relatos de que pessoas começam a sentir sintomas pela manhã, agravam à tarde e evoluem para óbito em poucas horas. No interior do Estado ainda temos uma situação controlada. Acreditamos que tenhamos um prazo de alguns dias para o aumento de casos no interior. Por isso, nossa estratégia é superar as dificuldades na capital e depois atender as demais regiões — detalhou.
O governador também reconheceu que há subnotificação de casos de coronavírus no Amazonas e que não tem como realizar mais testagens:
— O Estado não tem capacidade para fazer testagem em todo mundo. Tem muitas pessoas que estão morrendo em casa e não temos como fazer a testagem. O serviço funerário acaba agilizando os trabalhos para fazer o sepultamento.
Para frear o avanço do vírus, o governo do Amazonas determinou distanciamento social desde a notificação do primeiro caso no Estado. Porém, segundo Lima, a população seguiu a recomendação por apenas 10 dias:
— Tivemos uma resposta muito boa da população no primeiro momento, mas depois as pessoas começaram a sair mais de casa por medo da crise econômica. Estamos com dificuldades para conscientizar a população sobre ficar em casa, principalmente os informais.
O Amazonas tem 2.270 casos confirmados do coronavírus e 193 mortes, segundo boletim da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) divulgado na terça-feira (21). Por conta do aumento de mortes, a prefeitura de Manaus instalou contêineres frigoríficos no cemitério público Nossa Senhora da Aparecida, onde os corpos estão sendo enterrados em valas comuns.