Em entrevista ao programa Gaúcha+, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), falou sobre a situação do sistema de saúde da capital do Amazonas, Estado em que a rede de atendimento hospitalar se encontra mais sobrecarregada, no país, pela pandemia de coronavírus. O prefeito relata que estão sendo feitas valas comuns na cidade para enterrar vítimas da covid-19.
— O caso não é de emergência, é de absoluta calamidade pública — relatou, bastante emocionado.
Com a superlotação dos leitos, a cidade ganhará um hospital de campanha federal, com 200 camas adaptáveis para unidades de tratamento semi-intensivo. O anúncio foi feito pelo então ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta em 11 de abril. A previsão é que o hospital chegue a 279 leitos.
— Ontem quatro pessoas receberam alta, e foram quase que na mesma hora substituídas por outras quatro. — contou Virgílio, evidenciando a superlotação do sistema.
A cidade recebeu a visita do vice-presidente Hamilton Mourão, na segunda-feira (20). Virgílio conta que relatou ao vice a situação de Manaus. Segundo ele, em seus relatórios constam que, em somente um dia, 122 pessoas morreram, mas que nem sempre a causa dos óbitos evidenciam o contágio por coronavírus.
— Eu não tenho outra saída. O número foi subindo. Eu fui sendo surpreendido com número de óbitos.
O prefeito ainda relatou que 17% das mortes ocorreram fora do ambiente hospitalar devido à falta de espaço para atendimento dentro do sistema de saúde.
Virgílio criticou as atitudes do presidente Jair Bolsonaro e disse ser contra o fim do distanciamento social e a retomada das atividades econômicas na região.
— Sou contra as ideias do presidente da República. O presidente não poderia nunca ter participado de uma carreata, juntando pessoas e, com um motivo torpe, pedindo um AI-5 — disse, bastante comovido.
O prefeito destacou que Manaus estava despreparada e foi pega de surpresa com a evolução da doença na cidade. Relatou ter sofrido com a falta de informações sobre a saúde de alta e média complexidade no Estado, mas admitiu que pode ter faltado atenção quanto à prevenção nos postos de saúde da capital amazonense.
— Nós aqui não estamos conseguindo achatar a curva, estamos prevendo um mês de maio calamitoso também — afirmou.
Virgílio fez um apelo, orientando que as autoridades do Rio Grande do Sul prestem atenção quanto às políticas de distanciamento social, além do aumento das testagens, e alertou que a população gaúcha respeite o período de quarentena para evitar novas ondas de contágio no país.