O sarampo voltou à Europa com força, atingindo particularmente quatro países nos quais a doença era considerada erradicada, informou nesta quinta-feira (29) a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A Organização detectou 89.994 casos de sarampo em 48 países europeus nos primeiros seis meses de 2019, mais do que o dobro em relação ao mesmo período de 2018 (44.175 casos).
Reino Unido, Grécia, República Tcheca e Albânia são os quatro países que perderam o status de "erradicação total" da doença, extremamente contagiosa. Para a OMS, o status de "erradicação" corresponde à ausência de transmissão contínua durante 12 meses em uma zona geográfica particular.
No Reino Unido, 953 casos foram registrados em 2018 (489 desde o início de 2019), 2.193 na Grécia (28), 1.466 na Albânia (475) e 217 na República Tcheca (569).
— O retorno da transmissão do sarampo é preocupante. Sem garantir e manter uma cobertura imunológica maciça entre as populações, crianças e adultos sofrerão inutilmente e alguns morrerão — advertiu Günter Pfaff, presidente da Comissão Regional de Verificação da Eliminação do Sarampo e da Rubéola.
— Cada um destes (quatro) países tem uma cobertura nacional de vacinação extremamente elevada. Então não se trata de exemplos de países com sistemas (de saúde) particularmente fracos. Penso que isto é um aviso para todo o mundo: não basta ter uma cobertura nacional elevada, é preciso levá-la a cada comunidade, a cada família — destacou Kate O'Brien, diretora do Departamento de Vacinação da OMS.
Fatal
O sarampo pode provocar complicações graves, as vezes fatais (37 mortes no primeiro semestre de 2019 e 74 em 2018 na Europa), e geralmente é transmitido por contato direto ou pelo ar, infectando as vias respiratórias e depois todo o organismo. Na Europa, a doença atinge principalmente menores de 19 anos (60% dos casos).
No primeiro semestre de 2019, quatro países concentraram 78% dos casos na Europa: Cazaquistão, Geórgia, Rússia e Ucrânia.
O sarampo é declarado erradicado em 35 dos 53 países da região. Em 2017, eram 37. É endêmico em 12 países, entre eles França e Alemanha, onde a vacinação será obrigatória a partir de março de 2020.
Não há tratamento para o sarampo, mas pode ser prevenido com duas doses de uma vacina "segura e eficaz", segundo a OMS, que estima em mais de 20 milhões o número de mortes evitadas no mundo entre 2000 e 2016 graças à vacinação.
Em nível mundial, o número de casos triplicou entre 1º de janeiro e 31 de julho, com 364.808, contra 129.239 no mesmo período de 2018.
A OMS estima que há muitos casos não informados, e que a epidemia pode ser muito maior.
República Democrática do Congo, Madagascar e Ucrânia são os países que lideram em número de casos. A agência especializada da ONU avalia que ocorrem 6,7 milhões de mortes a cada ano relacionadas ao sarampo, segundo O'Brien.
Nos países ocidentais, é crescente a ideia de que existe um vínculo entre a vacina contra o sarampo e o autismo, baseada em um estudo falso, e a OMS afirma que não há qualquer risco com a vacinação.