Um novo estudo, publicado recentemente na revista JAMA Network Open, oferece esperança e um alerta sutil a qualquer um que tenha deixado suas atividades físicas de lado nos últimos anos. Ele mostra que, se as pessoas começam a se exercitar na meia-idade, mesmo que não o tenham feito durante anos, podem ganhar rapidamente a maior parte dos benefícios da longevidade garantida pelos exercícios físicos. Mas o oposto também é verdadeiro. Pare de se exercitar e esses benefícios vão diminuir ou desaparecer.
Já temos muitas evidências de que a atividade física afeta a longevidade e o bem-estar. Já escrevi sobre estudos que mostram que atletas mais velhos desenvolvem e mantêm ossos, cérebro, coração, músculos e sistema imunológico mais fortes do que os das pessoas da mesma idade que raramente se exercitam.
Em uma escala mais ampla, estudos epidemiológicos relacionam o exercício frequente à vida mais longa, destacando que as pessoas ativas têm menos probabilidade do que as inativas de morrer prematuramente.
Mas a maioria desses estudos analisou indivíduos e seus hábitos de exercícios apenas em um período de sua vida, raramente se aprofundando no que acontece quando essa rotina de atividades aumenta ou diminui ao longo das décadas.
Assim, para o novo estudo, os pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e outras agências foram atrás de dados do Estudo de Saúde e Dieta do NIH-AARP, que por muito tempo seguiu as pessoas e seu modo de passar o tempo livre.
Esse estudo começou em 1995, recrutando centenas de milhares de homens e mulheres entre 50 e 71 anos e pedindo-lhes que preenchessem uma série de questionários sobre sua saúde. Um desses questionários esmiuçou aspectos da atividade física dos voluntários durante toda a vida, pedindo-lhes que relembrassem com que frequência costumavam andar, praticar esportes, correr ou malhar. As perguntas se concentraram principalmente nos exercícios deliberados, mas também incluíram a atividade incidental, como tarefas domésticas ou jardinagem.
O questionário cobriu quase todos os aspectos da vida dos participantes, perguntando-lhes sobre sua adolescência, o início da idade adulta, entre 19 e 29 anos, a vida adulta propriamente dita, entre 30 e 40 anos, e por fim a última década, quando os voluntários teriam entre 40 e 61 anos.
No novo estudo, os pesquisadores reuniram as respostas de 315.059 homens e mulheres, a maioria dos quais havia completado o questionário 13 anos antes. Eles checaram as respostas e categorizaram as pessoas de acordo com sua rotina de exercícios, e se, e como, esta havia se alterado no decorrer da vida.
Alguns pesquisados disseram nunca ter interrompido seus exercícios habituais, dedicando tantas horas a eles quanto o faziam na adolescência.
Outros eram ativos na juventude, mas não deram continuação a isso na idade adulta, permanecendo sedentários na meia-idade. E alguns se exercitaram regularmente na adolescência e no início da idade adulta, pararam na faixa dos 30 anos, mas voltaram a se exercitar mais tarde na vida.
Por fim, os pesquisadores checaram o Índice Nacional de Óbitos, buscando mortes e suas causas entre os voluntários nos anos seguintes à sua participação no estudo, e compararam os riscos entre os diferentes grupos. (Houve também um controle de massa corporal, tabagismo e outros fatores de saúde.)
Aqueles que pararam de se exercitar por uma década ou duas, mas retomaram a atividade em seus 40 ou 50 anos, exercitando-se algumas horas por semana, tinham a mesma proteção contra a morte prematura que os que sempre se exercitaram.
Sem surpresa, homens e mulheres que foram basicamente sedentários durante toda a vida tinham maior probabilidade de já terem morrido, em especial de doenças cardíacas.
Mas aqueles que sempre foram ativos, exercitando-se consistentemente algumas horas por semana, tinham entre 30 e 35 por cento menos probabilidade de morrer de qualquer causa e cerca de 40 por cento menos probabilidade de morrer de um ataque cardíaco que as pessoas consistentemente sedentárias.
E o mais inspirador: aqueles que pararam de se exercitar por uma década ou duas, mas retomaram a atividade em seus 40 ou 50 anos, exercitando-se algumas horas por semana, tinham a mesma proteção contra a morte prematura que os que sempre se exercitaram.
Por outro lado, quem era ativo na adolescência e no início da idade adulta, mas se tornou sedentário na meia-idade, pareceu perder todos os benefícios da longevidade. A probabilidade de morte era igual à dos sempre inativos.
Claro, esse estudo depende da memória das pessoas em relação a suas atividades, o que em geral é pouco confiável. É também observacional e pode nos dizer que o exercício na meia-idade está associado a uma vida mais longa, mas não que se exercitar prolongue a vida. Outros fatores provavelmente estão envolvidos, incluindo dieta, situação financeira, peso, genética e saúde em geral.
Mesmo assim, a mensagem tem dois lados, disse Pedro Saint-Maurice, pós-doutorando do Instituto Nacional do Câncer, que conduziu o estudo com Charles Matthews e outros.
"Se você é ativo hoje, continue assim, independentemente de sua idade", disse ele. "E, se recentemente você tem estado sedentário, parece não ser tarde, mesmo na meia-idade, para começar a se exercitar e colher os benefícios da longevidade."
Por Gretchen Reynolds