
A saúde de Porto Alegre seguirá integralmente sob gestão da prefeitura, sem o repasse de parte do serviço ao governo do Estado. As tratativas se encerraram nesta quinta-feira (8), após um impasse que durou três semanas.
O repasse da gestão dos serviços de alta e média complexidade havia sido acertado no dia 17 de abril pelo prefeito Sebastião Melo e o governador Eduardo Leite. Entretanto, a falta de entendimento entre as duas partes inviabilizou a operação.
A prefeitura diz que aceitava o acordo se o Estado assumisse todos os serviços de média e alta complexidade. Além da gestão dos hospitais, isso incluía consultas com especialistas, exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, cirurgias e gestão de pronto atendimentos.
No entanto, o governo do Estado almejava assumir a gestão dos hospitais municipais (HPS e Presidente Vargas) e contratação dos serviços de hospitais filantrópicos, como a Santa Casa.

Segundo o prefeito Sebastião Melo, as negociações sobre o repasse de gestão foram encerradas, mas o município segue buscando auxílio para a manutenção dos serviços:
— Não há uma ruptura do município com o Estado. Não é uma disputa. Porto Alegre quer continuar oferecendo o atendimento adequado para a população, mas hoje vive um cenário de superlotação causado também pela crise na Região Metropolitana. O SUS é tripartite e seguiremos buscando apoio do Estado e do governo federal — explicou o prefeito.
O secretário de saúde da Capital, Fernando Ritter, afirma que a rede municipal segue sob forte pressão:
— Reafirmamos que Porto Alegre continua comprometida com o atendimento da população. Sempre defendemos que qualquer mudança na gestão só poderia ocorrer com uma proposta completa, com financiamento garantido, estrutura e responsabilidade total. Enquanto isso, a rede municipal segue sob forte pressão e seguimos aguardando respostas sobre recursos pendentes. Nosso foco agora é assegurar atendimento digno, especialmente com a chegada do inverno.
Atualmente, Porto Alegre registra 98% de ocupação de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Os quatro hospitais de alta complexidade operam com superlotação e restrições.
Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde informou que ainda não recebeu nenhum ofício por parte da prefeitura sobre o encerramento das tratativas.