O ambulatório de oftalmologia para tratar pacientes com toxoplasmose em Santa Maria, que tinha previsão de iniciar as atividades nesta quarta-feira (16), entrará em funcionamento somente na sexta (18). Os atendimentos serão realizados no Hospital Casa de Saúde pelo Instituto de Oftalmologia do Hospital São Roque de Faxinal do Soturno, na Região Central.
De acordo com o administrador do Hospital São Roque, Flavio Stona, nesta quarta estão sendo colocados os equipamentos no local e, na tarde de sexta, a previsão é atender cerca de 50 pacientes. A instituição já é prestadora de serviços por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e receberá por produtividade. Ou seja, de acordo com os atendimentos extras realizados.
Os equipamentos necessários e também os profissionais serão fornecidos pelo Hospital São Roque. Ainda conforme Stona, devem ser feitos, em média, nesses primeiros dias de atividades, cerca de 100 atendimentos diários.
Atuarão no local um médico oftalmologista e dois técnicos em enfermagem. O encaminhamento de pacientes ocorrerá por meio da Central de Regulação do município, com porta de entrada pelas unidades de saúde.
Acompanhamento
Para a tarde desta quarta-feira, a partir das 14h, haverá uma coletiva à imprensa no Ministério Público Federal (MPF), em Santa Maria. Em pauta, os desdobramentos do surto da toxoplasmose no município. Também participarão representantes do Ministério Público Estadual (MPE), da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), da prefeitura e de médicos infectologistas (das redes públicas e privada).
Boletim
A última atualização do surto de toxoplasmose apontou, na sexta-feira (11), para 271 casos confirmados. Deste total, 24 são gestantes, conforme boletim informado pela prefeitura de Santa Maria. Além disso, há 605 casos suspeitos. É o maior surto da doença no Rio Grande do Sul em número de pessoas infectadas. Um novo balanço deve ser divulgado na próxima sexta-feira (18).
Documento e contraponto
Um grupo de infectologistas de Santa Maria divulgou documento em que avalia que o poder público está sendo "irresponsável" na forma de tratar do surto de toxoplasmose. No ofício, os médicos denunciam tentativas de minimizar o problema e criticam a falta de informações à população e ainda cobram respostas sobre a origem da contaminação.
Eles também apontam um número maior de casos confirmados, que passariam dos 600. Mesmo com resultados negativos até agora, entendem que não devem excluir a água como suspeita pelo surto. A prefeitura de Santa Maria diz que dá a publicidade necessária aos fatos e que tem orientado à população quanto aos cuidados necessários que a doença exige.
O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) disse que todas as providências foram tomadas.
"O que eu fiz, como prefeito, foi cobrar e solicitar junto à Corsan os relatórios desde 2017 e que fossem coletadas mais amostras de água para serem enviadas para análise do laboratório em Londrina. E o que eu também fiz, porque é meu dever como gestor, foi dar publicidade a todos os documentos no momento em que eles me foram entregues. Isso é responsabilidade. Irresponsabilidade, sim, é sugerir que eu 'liberei' a água da Corsan para consumo da população, descartando qualquer risco. Pelo contrário! Nos meus perfis nas redes sociais, eu justamente pedi que as gestantes mantenham o cuidado e só bebam água fervida. Não podemos nos descuidar neste momento".