O Rio Grande do Sul voltou a registrar “chuva preta” nos últimos dias. Com o avanço da frente fria, o fenômeno pode continuar atingindo várias regiões do Estado, inclusive Porto Alegre. Essa água não é própria para consumo.
No entanto, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), o registro de “chuva preta” na capital gaúcha — fenômeno que é resultado da interação da fumaça das queimadas com a atmosfera — não impacta a qualidade da água distribuída na cidade.
Isso porque antes de chegar às torneiras o líquido passa por várias etapas de tratamento, além de ser submetido a 2,4 mil análises diárias em 350 pontos da rede. A rotina de captação, tratamento e distribuição da água segue estabelecidos pelo Ministério da Saúde e é fiscalizada pela Vigilância Sanitária. Quando chega aos reservatórios, a água tratada também passa por diversas avaliações.
No portal do Dmae são divulgados mensalmente relatórios de qualidade da água.
Por que “chuva-preta”?
O fenômeno atmosférico raro é causado por fuligem e partículas de fumaça provenientes de queimadas e incêndios florestais, que se misturam à água da chuva.
Os gaúchos e moradores de regiões atingidas pela "chuva preta" não irão ver exatamente uma água escura caindo no céu. Especialistas explicam que as gotas de água vêm com partículas de fuligem e, ao se acumularem em um balde ou piscina, é possível ver uma mancha escurecida. A água também pode vir acompanhada de um forte odor de fuligem.
Poluição no ar
Além da chuva escura, o sol alaranjado e uma névoa de fumaça têm chamado a atenção dos porto-alegrenses. A fumaça que forma uma nuvem sobre parte do país é decorrente de queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste, na Bolívia, no Paraguai e na Argentina.
De acordo com a agência suíça IQ Air, a região metropolitana de Porto Alegre tem um dos piores índices de poluição do ar do mundo, nesta sexta-feira (13). As estações de medição em Canoas, Triunfo, Gravataí, Esteio e Guaíba apontam Índice de Qualidade do Ar entre 169 e 175 — nível considerado insalubre.
Cuidados especiais
O Ministério da Saúde (MS) e a secretaria da Saúde de Porto Alegre recomendam as seguintes medidas para a população:
- Aumentar a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas
- Evitar atividades em ambiente aberto enquanto durar o período crítico de contaminação do ar pela fumaça. Reduzir o tempo de exposição, durante o dia ou à noite
- O MS recomenda que se permaneça dentro de casa, em local ventilado, com ar-condicionado ou purificadores de ar
- Segundo a SMS, o uso de máscaras pode reduzir a exposição às partículas maiores presentes no ar em áreas onde há concentração de neblina de fumaça. Conforme o MS, o uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 é adequado para reduzir a inalação de partículas finas
- Deixar portas e janelas fechadas, para diminuir a entrada da poluição
- Se houver sintomas respiratórios, buscar atendimento médico
- Crianças menores de cinco anos, idosos maiores de 60 anos, gestantes, pessoas com doenças crônicas como asma, diabetes e hipertensão também podem ter mais complicações e devem redobrar a atenção para as recomendações descritas acima
Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, devem:
- Buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento
- Manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para crises agudas
- Avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas, segundo o MS
- Buscar imediatamente atendimento médico se apresentar sinais ou sintomas de piora das condições de saúde após exposição à fumaça