O Serviço Geológico do Brasil (SGB) e o Exército devem divulgar, em até duas semanas, a cota máxima da enchente de 2024 em Porto Alegre. Os técnicos das duas instituições estão realizando marcações e medições para estabelecer, com alta precisão, a cota máxima das águas em 20 pontos da Capital.
Um destes locais de medição será escolhido pelos técnicos como o marco principal da inundação de maio de 2024. A tendência é de que seja escolhido um ponto onde já exista uma marcação da enchente de 1941 ou um local onde haja historicamente o registro com régua – para permitir comparações e séries históricas.
— Nossa missão aqui é determinar a cota máxima de inundação em diversos pontos da cidade. Não é estabelecer um número único, serão 20 números, desde a zona sul, em ipename, até a zona norte. Em cada um desses pontos vamos determinar qual a cota máxima da inundação — afirmou o major Felipe de Carvalho Diniz, chefe da Divisão de Geoinformação do 1° Centro de Geoinformação do Exército.
A primeira etapa do trabalho é de marcação física, nas paredes e demais estruturas que ficaram manchadas, registrando o limite das águas. A etapa seguinte é de aferição, com auxílio de instrumentos topográficos, da altura precisa dessas marcas a partir de referenciais já estabelecidos na cidade.
— Para determinar uma cota de inundação é preciso determinar um referencial, ou seja, o que seria o zero. Existe em Porto Alegre uma rede geodésica e vamos partir dessa rede para definir o referencial altimétrico — acrescentou Diniz.
Medição da cota de 2024 levará à revisão de dados de 1941
A aferição do nível máximo do Guaíba na enchente de 2024 terá como efeito secundário uma revisão dos dados históricos sobre a cheia de 1941. As medições feitas, ao definirem um marco zero para concluir os dados sobre a enchente atual, devem fazer com que especialistas revisem também o nível da enchente de 1941.
— Como a gente está utilizando um referencial que é relativamente novo, de 2010, este número (da cota máxima da enchente de 1941) de 4m76cm não necessariamente será o mesmo, vai ter uma variação dependendo do referencial. Onde tem as marcações (de 1941) vamos calcular qual foi a cota máxima (de 1941) com referenciais modernos. A diferença de referenciais não é tão grande, é de no máximo 15cm ou 10cm — afirmou Diniz.
Desde quarta-feira (29), SGN e Exército estão inserindo placas de metal em paredes de pontos estratégicos de Porto Alegre para que os registros da cheia de 2024 não sejam perdidos.