A Defesa Civil de Porto Alege contabiliza 57 pessoas fora de casa na manhã desta quarta-feira (1º) em razão da chuva que atinge o Rio Grande do Sul desde o final de semana. São 29, desabrigadas, em um local da prefeitura e 28 desalojadas, que foram para a casa de parentes.
Os desabrigados pertencem a aldeia indígena Mbyá Guarani, no bairro Lami, zona sul de Porto Alegre e estão abrigados no Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Restinga. Um outro abrigo foi montado pela prefeitura no bairro Ponta Grossa, também na Zona Sul, mas por enquanto não foi necessário utilizá-lo.
Em relação aos desalojados, são 17 moradores da estrada do Túnel Verde, no bairro Ponta Grossa e 11 do bairro Aberta dos Morros, que foram para a casa de familiares devido a alagamentos.
A Defesa Civil está percorrendo a região das Ilhas para a medição do nível do Guaíba na régua manual. Nas ilhas, ninguém necessitou sair de casa e houve somente o pedido de lonas por parte de moradores.
O Guaíba vem subindo desde a noite de terça-feira. No Caís Mauá, estava em um 1m44cm na noite passada. Na manhã desta quarta já registrada 1m91cm.
Quinta-feira (2) deverá ser o dia com a elevação mais significativa dos cursos d’água em Porto Alegre e Região Metropolitana. A projeção é da Defesa Civil, em um informativo divulgado na terça-feira (30) sobre a situação das bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul.
— Quando chove em uma região mais alta, a água escoa para um ponto de menor altitude. O Guaíba é o final da bacia hidrográfica, então ele recebe água dos rios Jacuí, Caí e Taquari. Demora um pouco para chegar, pois temos diferentes tempos de resposta para isso. A chuva que ocorreu na região do Alto Jacuí vai demorar um tempo para chegar ao Guaíba muito maior do que uma chuva que ocorreu em São Sebastião do Caí — exemplifica Pedro Camargo, hidrologista da Sala de Situação do governo estadual.
Cota Guaíba
O Guaíba entra em cota de alerta quando atinge 2m50cm e em cota de inundação quando chega a 3 metros.
— A cota de inundação do Guaíba é de 3 metros. Acima disso, temos o muro da Mauá e o sistema de diques, que inclui freeway, Castello Branco e as orlas 1, 2 e 3, até quase o bairro Ipanema. Só a partir desse ponto, passando o BarraShoppingSul, que os bairros ficam em um nível mais ou menos equivalente ao do Guaíba — afirma o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss.
Comportas
Traumatizada desde a enchente de 1941, a Capital montou um amplo mecanismo para manter-se a salvo de outra inundação: envolve o muro da Avenida Mauá, onde fica parte das 14 comportas que se fecham em momentos de alerta, 23 casas de bombas destinadas a despejar a água acumulada de volta ao Guaíba e 24 quilômetros de diques externos que funcionam como barreiras complementares ao muro de concreto erguido no Centro Histórico, onde também há portas metálicas, além de outros diques internos espalhados por diferentes pontos da cidade.
Guaíba ultrapassa cota de inundação
O nível do Guaíba chegou ao pico de 3m46cm em 21 de novembro, no Cais Mauá. O resultado da elevação do lago foi o avanço desenfreado do Guaíba sobre a malha urbana da Capital, pintando de marrom cartões postais tradicionais da cidade, que ficaram encobertos pela água turva.
As comportas do sistema de contenção foram fechadas, mas, ainda, assim, não foi suficiente no 4º Distrito, onde um dos portões cedeu à força da água, e no próprio Cais, onde a água chegou à Avenida Mauá.