A reportagem de GZH voltou a percorrer alguns bairros da Capital para conferir a situação dos contêineres de lixo. Nesta quinta-feira (5), foi possível perceber que a coleta mecanizada melhorou na comparação com 19 de setembro, primeiro dia de serviço da empresa Conesul, acionada de forma emergencial pela prefeitura após a rescisão de contrato com o consórcio Porto Alegre Limpa.
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), afirma que "a coleta automatizada está ocorrendo de forma regular. A nova contratada, a Conesul, normalizou a execução do serviço, não havendo mais passivo de resíduos para recolhimento."
A empresa conta com sete caminhões para cumprir os roteiros estabelecidos, além de outros três reservas. Segundo o DMLU, "o efetivo contratado corresponde ao número de rotas, ou seja, sete motoristas para cada trajeto, e, na semana passada, começou a substituição dos contêineres".
O levantamento desta quinta não registrou nenhum equipamento com lixo transbordando ou até empilhado no entorno. No entanto, problemas ainda foram percebidos, alguns relacionados ao uso que as pessoas fazem do sistema.
Com poucas exceções, quase todos os contêineres visitados apresentam danos, como falta de tampa ou de alças ou partes amassadas. Além disso, restos orgânicos estão misturados com material reciclável, especialmente papelão, na grande maioria deles.
Bairro Menino Deus
Na Rua José de Alencar, 1.296, os dois equipamentos que ficam lado a lado na calçada são alvo de reclamações constantes dos moradores da região. Um deles estava cheio em torno do meio-dia desta quinta.
— Isto (contêineres de lixo) é a pior coisa que tem — reclama Ricardo Vitola, 60 anos, morador das imediações.
Segundo Vitola, é rotineiro encontrar vários sacos de lixo do lado de fora da caixa coletora. Nesta quinta, também havia uma caixa de madeira e outras de papelão encostadas na lateral do equipamento. Muitos catadores de recicláveis reviram o interior dos contêineres em busca de materiais desse tipo.
Na Avenida Getúlio Vargas, nenhuma caixa estava transbordando. Perto da agência do Bradesco e do número 1.345, uma estava sem parte da tampa (problema recorrente, flagrado também em outros bairros) e com lixo orgânico esparramado dentro, misturado a materiais recicláveis.
Cidade Baixa
A reportagem percorreu toda a extensão de vias como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luiz Afonso, João Alfredo e Lobo da Costa. Como da vez anterior, o problema se concentra na Rua da República, onde os equipamentos enchem rapidamente com resíduos de estabelecimentos próximos, como restaurantes e bares.
— Esta semana, o caminhão recolheu regularmente — atesta o empresário Adriano Fraporti, 51, que possui um restaurante nas proximidades do número 152.
Porém, Fraporti diz que ainda há semanas em que "o caminhão passa apenas uma vez".
Bairros Santana, Farroupilha e Bom Fim
Os equipamentos distribuídos ao longo da Rua Ramiro Barcelos e das avenidas Venâncio Aires e Osvaldo Aranha e nos arredores do Hospital de Pronto Socorro (HPS) não continham resíduos acima da capacidade nesta quinta.
Novamente, porém, as caixas tinham lixo orgânico aberto e espalhado junto a materiais recicláveis. Na Rua Fernandes Vieira, o problema se repetia em frente aos números 483, 525, 637 e 641.
— Na segunda-feira, tinha muito lixo espalhado aqui. Os moradores estavam reclamando. Ficou intransitável — lembra o professor Marlo Fauri, 56, que vive nas imediações.
— Chega o caminhão e tira o lixo do contêiner, mas o que está na calçada ao lado da caixa permanece lá — critica.
Junto de um dos contêineres da Fernandes Vieira havia um colchão apoiado.
Bairro Azenha
Na Rua José Honorato dos Santos, 100, o contêiner estava cheio até a metade, enquanto as duas caixas situadas na Rua Jornal do Brasil, na lateral do Colégio Estadual Protásio Alves, apresentavam lixo misturado em seu interior.
Bairro Floresta
No bairro Floresta, um dos pontos mais problemáticos no levantamento anterior apresentou significativa melhora. Na Rua Ernesto Alves, 239, nesta quinta o equipamento estava com metade da capacidade ocupada e sem sujeira do lado de fora. Neste contêiner, na visita anterior da reportagem, havia lixo espalhado pela calçada.
— Aqui melhorou, não estavam tirando porque o contêiner estava sem tampa e tentaram sem conseguir duas vezes. Mas trocaram o equipamento — conta Anésia Nunes, 69, que tem um estabelecimento comercial na rua.
Na Rua Garibaldi, perto do número 633, entre as avenidas Cristóvão Colombo e Farrapos, a caixa coletora também tinha lixo misturado até a metade. Uma caixa de isopor mantinha a tampa levantada.
O que diz a prefeitura
Quanto aos endereços apontados pela reportagem, o que se observa é o uso indevido dos contêineres nesses locais. Na avenida José de Alencar os resíduos são recolhidos três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas, no turno da noite. Já nas ruas República e Fernandes Vieira, a limpeza é feita diariamente, conforme comprovam fotos anexas. A fiscalização da coleta verificou que nesses locais, bem como em alguns outros pontos da cidade, uma parcela da população tem descartado resíduos de forma irregular nos coletores, como materiais volumosos ou recicláveis.
Lembramos que os equipamentos são destinados exclusivamente para a colocação de resíduos orgânicos e rejeitos. A disposição incorreta de recicláveis nos contêineres é infração grave, com multa de cerca de R$ 3,7 mil. A Coleta Seletiva segue disponível para a entrega desse tipo de material. A disposição para a Seletiva deve ser feita junto ao alinhamento de cada imóvel, e não dentro ou ao lado dos contêineres. Para saber os dias e horários do serviço nas vias, indicamos acessar o site do DMLU.
Solicitamos o auxílio da população na limpeza urbana, com o descarte correto dos resíduos e o registro de denúncias de uso inadequado dos equipamentos pelo sistema 156. O envio de imagens ou fotos auxiliam na identificação dos infratores.