O movimento incessante de veículos e as primeiras estruturas vultosas da obra que ainda está nascendo compõem o cenário de um dos locais mais críticos para o trânsito na região metropolitana de Porto Alegre. O entroncamento da RS-118 com a RS-030, em Gravataí, é ponto frequente de congestionamento, sobretudo nos horários de pico, atrasando a vida de empresários, trabalhadores, prestadores de serviços e milhares de motoristas que transitam diariamente pela estrada.
O engarrafamento é causado pela afluência de veículos na intersecção que, por diferentes caminhos, dá acesso ao distrito industrial de Gravataí, ao trecho duplicado em direção a Sapucaia do Sul, ao segmento de pista simples que leva a Alvorada e Viamão e à conexão com a freeway, rumo ao Litoral Norte.
Para resolver o gargalo, começou a ser erguido, no ano passado, um viaduto que dará acesso à RS-030 sem interromper o tráfego da RS-118. Combinada com a construção de uma passagem de nível para o distrito industrial, trata-se da obra de maior impacto na região desde a conclusão da duplicação, no final de 2020.
Com custo estimado em R$ 28 milhões pelo governo estadual, a intervenção deveria terminar até o final deste ano, mas o prazo foi estendido até o final de 2024 em razão da necessidade de desapropriações.
Usuário frequente da RS-118, o empresário Rudinei Leite acredita que o viaduto ajudará a desafogar o trânsito no entroncamento.
— É um trecho bem confuso para quem utiliza. Forma quase um "X" para quem está saindo da freeway e quer adentrar a RS-118, quem está na 118 e quer seguir ou para quem quer entrar ou sair de Gravataí. Já aconteceram vários acidentes ali — relata Rudinei, presidente da a Associação Comercial, Industrial e de Serviços (Acis) de Sapucaia do Sul.
De acordo com a Secretaria Estadual de Logística e Transportes (Selt), 30% do trabalho já foi feito. No momento, estão sendo concluídas as alças laterais e os pilares que darão sustentação ao viaduto, e o próximo passo será o içamento das vigas metálicas.
— Quando começarmos a fazer o viaduto no eixo da rodovia, vamos ter de ter uma alternativa para usuário se deslocar. Por isso estamos trabalhando no entorno para possibilitar os desvios, pelas laterais - explica o secretário dos Transportes, Juvir Costella, que vistoriou a obra na semana passada.
Travessias para pedestres
Além da obra da elevada, o governo do Estado também está instalando um conjunto de passarelas para passagem de pedestres na RS-118. Duas delas já estão prontas, uma está em andamento e outras três ainda não começaram.
A Secretaria dos Transportes governo pretende concluir até o final do ano a travessia do km 2,6, em Sapucaia do Sul, e, no mesmo prazo, começar as obras nas duas passarelas de Gravataí.
Iluminação providencial
A escuridão que dificultava a vida dos usuários e colocava em risco a segurança dos motoristas e pedestres já ficou para trás na maior parte do trecho duplicado da rodovia.
Iniciada no final de março, a instalação de luminárias de LED já ao longo do trecho duplicado está entrando na fase final. A iluminação funciona do km 0 ao km 20, com exceção de pontos em que há o cruzamento de viadutos ou saídas da rodovia.
— As luminárias são acessas por intermédio de fotocélula. Escureceu, elas acendem. E o contrato estipula 10 anos de garantia — ressalta o secretário Costella.
O caminhoneiro Edvaldo de Jesus Borba, de Sombrio (SC), que utiliza a RS-118 para o transporte de cargas, diz que a iluminação é providencial, sobretudo em caso de problemas mecânicos ou de emergência:
— Pelo menos agora, se for preciso, a gente tem condições de parar e ver o que aconteceu. No escuro, do jeito que era, não tinha nem como descer do caminhão.
Ao final, serão 1,7 mil luminárias ao longo do trecho duplicado. Até o momento, 75% da obra necessária para viabilizar a instalação já foi feita, e previsão é de que tudo seja terminado no final de agosto, dentro do prazo estipulado quando foi dada a ordem de início da intervenção, em março.
Futuro em discussão
Concluída a duplicação, a RS-118 está sob os cuidados do governo estadual. No entanto, a estrada está incluída em um dos blocos de rodovias que o Palácio Piratini pretende repassar à iniciativa privada.
No formato anterior, estava prevista a instalação de uma praça de pedágio entre Gravataí e Viamão, no trecho não duplicado, o que desagradou empresários e políticos da região. Diante das resistências, o governo resolveu refazer os estudos da concessão.
Em 2022, durante a campanha eleitoral, o governador Eduardo Leite se comprometeu a não pedagiar a rodovia. No entanto, neste ano, admitiu a possibilidade de cobrança pelo sistema free-flow, no qual os usuários pagam de acordo com a distância percorrida.
Presidente da Acis de Sapucaia do Sul, o empresário Rudinei Leite diz que o eventual pedagiamento da rodovia vai prejudicar o desenvolvimento da região.
— A 118 corta Sapucaia, Esteio, Gravataí e Cachoeirinha e, muitas vezes, é usada por quem precisa ir de uma cidade par a outra. Ela permite o escoamento de produtos e de produtos e serviços e traz desenvolvimento para as cidades — justifica.
Conforme a Secretaria de Parcerias e Concessões (Separ), o novo estudo para a concessão do chamado bloco 1, que reúne a RS-118 e outras oito estradas estaduais, será concluído no primeiro semestre do ano que vem.