O antropólogo colombiano Santiago Uribe Rocha está no Rio Grande do Sul para explicar uma metamorfose positiva vivenciada em seu país. Medellín, metrópole colombiana encravada no sopé dos Andes, alcançou na década de 1990 do século 20 o título de cidade mais violenta do mundo. Eram 360 homicídios para cada 100 mil habitantes, ao ano. A partir de 2013, porém, virou a cidade mais inovadora do planeta, segundo o Instituto Urban Land. A taxa atual está em 25 assassinatos por 100 mil habitantes. Isso aconteceu após a criação de pactos de convivência entre criminosos, interação do policiamento com as comunidades, mães convencendo filhos a desistirem do crime e outras iniciativas.
Uribe, como é conhecido o especialista, foi uma das lideranças responsáveis por essa guinada contra a violência em Medellín, tendo a inovação social e a criatividade como base, por meio de um projeto que propôs o fim da desigualdade e implementou ações voltadas ao desenvolvimento social, à educação para a cidadania, mobilidade e segurança. Uma das primeiras iniciativas foi convencer os bandidos colombianos a diminuírem a matança, algo que envolveu encontros sigilosos com autoridades e lideranças comunitárias. Depois, vieram projetos de iluminação pública e de geração de empregos para jovens, entre outros. É o que ele vai detalhar em uma série de palestras, encontros com autoridades e lideranças comunitárias no Rio Grande do Sul.
O antropólogo, que também é um dos impulsionadores do projeto Rede de 100 Cidades Resilientes (financiado pela Fundação Rockfeller), começou o giro por Porto Alegre e termina a semana em Caxias do Sul. A ideia é expandir o Projeto Territórios Inovadores do Pacto Alegre para o interior do Estado.
Na Capital ele participa de quatro experiências. A primeira será neste fim de semana, quando visitará o Morro da Cruz, região carente com 35 mil habitantes, na Zona Leste. Participará de uma atividade denominada Acampadentro.
A comunidade do Morro da Cruz foi brindada com um projeto de digitalização que inclui wi-fi de banda larga, a oferta de serviços como Tudo Fácil e a viabilização de aulas por meio da EdTech (startup de educação). A ideia é realizar capacitações para mercado de trabalho que estejam ligadas à inovação e à tecnologia. A iniciativa é do movimento colaborativo Pacto Alegre, que une instituições de ensino, gestores públicos e da iniciativa privada em projetos de empreendedorismo colaborativo. Entre os apoiadores, estão Banrisul, Sicredi, Sebrae, Badesul e a RBS.
Jorge Audy, superintendente de inovação e desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) e do Tecnopuc e integrante do conselho estratégico do Pacto Alegre, salienta que um dos projetos em andamento é esse dos Territórios Inovadores, tocado em conjunto com a prefeitura de Porto Alegre, PUCRS, Universidade do Vale do Sinos (Unisinos) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além de diversos coletivos da cidade, como o POA Inquieta e o Ponta Cidadania. A iniciativa tem como Projeto Piloto a comunidade do Morro da Cruz, com o Hub Formô.
A palestra de Uribe organizada pelo Pacto Alegre acontece na segunda-feira (12), às 18h30min, no auditório do Tecnopuc. Na terça (13), ele faz palestra no campus porto-alegrense da Unisinos, na avenida Nilo Peçanha. As duas apresentações são abertas ao público Anda na terça-feira o colombiano deve encontrar o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e outros gestores da esfera municipal, assim como reitores. Na quarta e quinta terá uma serie de atividades junto a comunidades e coletivos, como o POA Inquieta e o Ponta Cidadania. E na sexta (15) vai a Caxias do Sul, também para reuniões com prefeitos e membros de instituições de ensino. . Ele retorna a Medellin no sábado pela amanhã e tem nova vinda prevista para o final deste ano, também no contexto do Territórios Inovadores do Pacto Alegre.