O lago do Parque Moinhos de Vento (Parcão) começou a ser desassoreado pela prefeitura de Porto Alegre. Os trabalhos englobam desassoreamento, drenagem, paisagismo, gerenciamento, educação ambiental, além de manejo da fauna e da flora.
— O lago vinha com uma série de problemas, especialmente no período do verão. A água ficava num volume muito baixo e, consequentemente, com pouca oxigenação para a fauna que ali habita — explica o secretário municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm.
As obras começaram na semana passada e a previsão atual é de se estenderem até o fim do ano – a estimativa inicial era de sete meses de duração.
— Estamos dizendo até o final do ano, porque depende muito das condições climáticas — pontua o titular da pasta, mencionando a proximidade do inverno e do período de chuvas, o que poderá interromper os trabalhos em alguns momentos.
Tapumes circundam o espaço e impedem que os frequentadores vislumbrem o que está sendo executado pelos operários.
O trecho onde as pessoas costumam caminhar e correr, na Rua Comendador Caminha, ficou significativamente reduzido em função do cercamento temporário.
— O Parcão é bastante emblemático para Porto Alegre. O próprio moinho e o lago estão conectados com essa relação de carinho da cidade — afirma Bremm, dizendo que as intervenções serão positivas para a fauna local.
Em torno das 11h30min desta quarta-feira (7), a reportagem de GZH teve acesso ao canteiro de obras. Na entrada já se vê um monte de lodo com cerca de 1,70 metro de altura. O material foi sugado de parte do lago, que foi dividido em duas partes para a execução dos trabalhos.
— É importante esclarecer para a população que está sendo feito aqui o desassoreamento do lago. Não é uma dragagem, porque não estamos raspando o fundo — observa Nilson Lopes, da Bourcheid Engenharia e Meio Ambiente, empresa responsável pelo serviço.
Um poço artesiano com profundidade de 100 metros já foi perfurado e pode ser visto em uma das extremidades do entorno do lago. O objetivo dele será suprimir a escassez de água em períodos de seca, ou seja, não terá uso contínuo e sim apenas em ocasiões emergenciais.
Além disso, com o objetivo de aumentar a profundidade do lago em até um metro e possibilitar ganho na quantidade e na qualidade de água, as ações estão sendo executadas na vazão de 650 litros por hora.
Uma draga estava em ação a poucos metros do moinho. Cerca de 400 peixes, de espécies como astro, cascudo e joana, foram realocados para a parte do lago onde as intervenções não começaram. O mesmo ocorreu com aproximadamente 120 cágados e tartarugas habitantes do local.
Para realizar a captura dos animais, os profissionais envolvidos na tarefa usam redes de arrasto e outros equipamentos. Alguns remanescentes estavam sendo transferidos para o lago com água nesta quarta-feira.
A estimativa é de retirada de 5 mil metros cúbicos de sedimentos. Por enquanto, cerca de 100 metros cúbicos já foram sugados. O monte de lodo precisa secar e aguardar pela decantação para ser então conduzido em caçambas de caminhões para o aterro sanitário de Minas do Leão, na Região Carbonífera.
O entorno do lago receberá cinco áreas para contemplação com distribuição de bancos e presença de vegetação. Haverá, ainda, recomposição das bordas do lago com pedras.
Símbolo do Parcão, o moinho será pintado, tendo suas cores atuais preservadas. Neste momento, a edificação está escondida em meio à vegetação e à espera do futuro embelezamento.
— A ideia é devolver o lago para os animais e para a população poder fazer a contemplação — conclui Nilson Lopes.
Saiba mais
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) fiscaliza os serviços que estão sendo realizados pela empresa Bourcheid Engenharia e Meio Ambiente. A ordem para o começo das ações foi assinada em 10 de março de 2023.
Segundo a prefeitura, as intervenções resultam de Termo de Alienação de Solo Criado por Contrapartida (TASCC). O termo foi firmado com a Melnick, para a aquisição de índices construtivos para a implantação de empreendimento na Avenida Nilo Peçanha.
Os investimentos previstos no lago do Parcão são de R$ 2,721 milhões, o que inclui projeto, gerenciamento e execução.
Veja como está o playground do parque
A reportagem de GZH também visitou a área do playground recém-entregue para a população no Parcão. Com área de 345 metros quadrados, o espaço possui até piso emborrachado.
— Achei essa ação maravilhosa — disse a psicóloga Carla Pasquetti, de 42 anos, que estava sentada em um banco da pracinha.
Segundo Carla, que elogiou a limpeza do local, o espaço poderia "ter mais bancos e sombra".
Os brinquedos como cama elástica, gira-gira, balanço para bebês e caixa de areia estavam sendo usufruídos por crianças acompanhadas por familiares. Não havia nenhum equipamento quebrado ou com vestígios de pichação.
— Ficou ótimo, mas tinha que ter o dobro do tamanho — comenta a enfermeira Bibiana de Araújo, 33, que frequenta o lugar quase diariamente e estava observando o filho descer pelo escorregador.
Chamado Cantinho Kids, o espaço recebeu investimento de R$ 408 mil de empresas adotantes (Hospital Moinhos de Vento, Melnick, Panvel, Tramontina e Grupo Zaffari) e foi inaugurado no dia 10 de março.