A imponência do navio-veleiro Cisne Branco, que imita naus do século 19, atraiu, ao longo deste sábado (6), curiosos que desejavam conhecer uma das embarcações mais representativas da Marinha do Brasil. O navio ficará ancorado no Cais Mauá, em Porto Alegre, ao longo deste final de semana. Nem mesmo a chuva repeliu os visitantes, que poderão subir a bordo ainda neste domingo (7), das 10h às 18h.
Famílias, casais, idosos e grupos de escoteiros passearam admirados pelo navio e fizeram questão de registrar o que viam em fotos e vídeos. O timão se tornou um dos pontos preferidos para fotografias. Do lado de fora, a música ao vivo executada por militares foi aplaudida com entusiasmo pelos visitantes da embarcação.
— As pessoas estão gostando bastante, principalmente a criançada, que quando vem a bordo se diverte bastante — observou o capitão-tenente Arthur Janeiro.
Entre balanços da embarcação que davam leves sustos nos visitantes a bordo, o público também aproveitou a ocasião para conversar com os oficiais.
— Todos serão bem-vindos, a gente também explica formas de ingresso na Marinha do Brasil, e a tripulação está aberta para tirar dúvidas sobre o navio — acrescentou Janeiro.
Os visitantes podem conhecer o convés externo e a entrada do lobby que guarda a imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, uma réplica da santa que Cabral trouxe em sua nau, e um vitral — área tida como o "cartão-postal" do veleiro. A reportagem de GZH teve acesso a outras áreas restritas ao público (confira no vídeo).
Ao todo, são esperadas de 10 a 15 mil pessoas neste retorno do navio a Porto Alegre — ele já esteve aqui em setembro do ano passado. Agora, os gaúchos ganharam mais uma chance de conhecê-lo. A passagem do Cisne Branco pela capital gaúcha faz parte da viagem "Brasil 2023", iniciada em 10 de abril, na qual a embarcação deverá percorrer 1.934 milhas náuticas (o equivalente a cerca de 3,5 mil quilômetros) pelos mares do sul e do sudeste do país.
Jornada
O navio-veleiro visitará seis portos de quatro Estados — Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo —, com retorno ao Rio de Janeiro previsto para 6 de junho. Segundo a Marinha, esta viagem tem como propósito fortalecer a presença da Força nos portos nacionais, além de estreitar laços com a sociedade civil das cidades visitadas. No segundo semestre, a viagem será expandida para o Norte e Nordeste do país.
O navio foi construído no final da década de 1990 e incorporado à Marinha em 9 de março de 2000 — mesmos dia e mês em que Pedro Álvares Cabral partiu rumo ao Brasil —, como parte da comemoração dos cinco séculos do país. O veleiro também participou da Regata Internacional Comemorativa aos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, percorrendo a chamada "Rota do Descobrimento", que saiu de Portugal rumo ao território brasileiro.
Conforme o capitão-tenente, a embarcação foi pensada nos mínimos detalhes para ser uma réplica dos clippers (veleiros) da segunda metade do século 19. As dimensões foram preservadas: o navio tem 76 metros de comprimento, com um mastro principal de aproximadamente 46 metros, equivalente a um prédio de cerca de 15 andares.
Há 2.195 metros quadrados de vela, que necessitam de 18 quilômetros de cabos para seu funcionamento. E apesar do casco de aço, a madeira, que chama a atenção por recobrir boa parte das superfícies do navio e conferir caráter antigo à embarcação, inclusive, é de Teca da Birmânia, a mesma utilizada no século 19.
O controle das velas é feito de forma manual, como antigamente — tudo para manter a tradição naval. A navegação também é realizada de maneira tradicional: há um militar de vigia na proa, um contra-mestre no camarim de navegação e um timoneiro, para garantir a segurança.
Já os candelabros se assemelham aos dos clippers, que se movimentavam conforme o balanço do navio para evitar incêndios na época das lamparinas a óleo ou à vela, mas, agora, são elétricos. Ou seja, mesmo honrando a tradição histórica dos veleiros, o navio conta com recursos modernos de navegação e segurança, como equipamentos de radar, meteorologia, GPS e combate a incêndio.
Na parte interna do veleiro, ficam os camarotes (quartos) da tripulação e áreas de refeição, como a Praça D’Armas, utilizada também para receber autoridades, fazer briefings de navegação e como sala de convivência. Há ainda a praça de máquinas e o camarim de navegação. As paredes exibem prêmios que o navio ganha, medalhas de Marinhas do Exterior e presentes de diferentes cidades e nações.
Quando não está em sua base naval no Rio de Janeiro, o Cisne Branco realiza viagens para diferentes localidades. Em média, ele passa 150 dias no mar por ano e mais de 200 dias longe do RJ.
— A missão do navio é representar a Marinha no Brasil e, no caso do Exterior, representar a Marinha e o país lá fora, principalmente em grandes eventos náuticos. No Brasil, tem a função também de fomentar a mentalidade marítima na população brasileira, principalmente nos jovens, e complementar a instrução do pessoal da Marinha — aponta Janeiro.
Nesta nova passagem pela Capital, serão realizadas ainda apresentações do conjunto musical "Fuzipampa", formado por militares da Banda do Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio Grande do Sul. As apresentações ocorrerão às 10h30min e às 16h.
Para a visita, a tripulação pede que o público venha com um sapato fechado devido à chuva, para evitar escorregar a bordo.
Serviço da visitação
Visitação Pública ao Navio-Veleiro Cisne Branco:
- Local: Cais Mauá, Av. Mauá, 1.050 – Centro Histórico
- Data: 6 e 7 de maio de 2023
- Horário: 10h às 18h
- Entrada: Gratuita