Em tramitação há mais de dois meses, o projeto de lei que institui a marca de Porto Alegre como símbolo da capital gaúcha deve ser votado pela Câmara Municipal até o final de novembro. De acordo com o vereador Claudio Janta (Solidariedade), na próxima segunda-feira (31), haverá uma reunião com todas as comissões para a análise dessa e de outras propostas.
— Temos uma conjunta para segunda-feira com vários projetos e, entre os projetos do Executivo, está incluída a marca de Porto Alegre. Acredito que até a primeira quinzena de novembro, mais tardar no final de novembro, nós já tenhamos votado e sancionado esse documento — afirma Janta.
A proposta prevê que seja disponibilizado no site da prefeitura de Porto Alegre um “manual de identidade visual, constando simbologia, significado, elementos, fonte, assinaturas e cores" da marca, que foi escolhida por votação em fevereiro deste ano. O material, batizado de Horizontes e desenvolvido por um coletivo de designers vinculado ao Pacto Alegre, foi inspirado nas cores da paisagem composta pela água do Guaíba e o céu durante o pôr do sol.
No texto de justificativa do projeto, destaca-se que a marca foi escolhida por meio de consulta pública, na qual participaram mais de 10 mil pessoas: “transformá-la em marca oficial da cidade, portanto, é um exemplo de democracia e respeito à decisão popular”. O documento afirma ainda que, uma vez referendada por lei, a marca será patrimônio da cidade e “um símbolo de um momento de fortalecimento dos laços comunitários”.
O vereador do Solidariedade considera necessário que o município tenha uma marca para que assuntos de Porto Alegre possam ser identificados pelas pessoas em diferentes lugares, assim como acontece com outras cidades do mundo:
— Já foi escolhida uma marca, e agora só temos que incluí-la como um símbolo de Porto Alegre. Como temos a bandeira e o hino, vamos ter uma marca, porque é importante.
O vereador Aldacir Oliboni (PT) concorda com a importância da marca para a Capital, mas comenta que, geralmente, os governos não costumam respeitar os símbolos instituídos em gestões anteriores.
— A tendência tem sido mudar a marca de acordo com o governo. Mas acho que vai passar pela votação, que ninguém vai se opor. Cabe à Câmara respeitar essa escolha porque foi uma escolha popular — destaca.
Aplicação da marca
Em setembro, o Pacto Alegre faria uma apresentação do projeto aos vereadores com o grupo de designers. O encontro, entretanto, foi adiado devido ao feriado e às eleições. De acordo com Daniela Lompa Nunes, CEO da Purpous Marcas com Alma e head de estratégias do Pacto Alegre, uma nova data para a reunião deve ser combinada já na próxima semana.
— A ideia sugerida pela prefeitura é que a turma do design e o Pacto apresentem o projeto e conversem com os vereadores para que eles entendam todo o caráter coletivo da proposta, que é muito rica — explica.
Daniela ressalta que o Pacto Alegre já adotou a identidade como marca e que ela já está sendo utilizada, mas a oficialização tem um caráter importante para que possa perpassar para as próximas gestões. Também comenta que, no próximo evento, em março de 2023, a organização do South Summit quer aplicar a marca da cidade com força, juntamente à programação visual:
— Além disso, com o grupo de turismo, que hoje está reunindo o pessoal do Sebrae, Sindilojas, CDL, Sindha e do Pacto, tem uma construção de plano de marketing que agora está entrando em ação. A primeira ação importante será consolidar um portal da cidade, também com a identidade da marca. A ideia é que, em março, isso já esteja materializado.
O secretário de Comunicação de Porto Alegre, Luiz Otávio Prates, afirma que a prefeitura vem usando os instrumentos de mídia que tem à disposição, próprios e de parcerias, para expor a marca. Como exemplos, cita os relógios de rua e face do Muro da Mauá, além do planejamento de acrescentar busdoor à estratégia.
Para 2023, está prevista a produção de estruturas em letras-caixa e displays distribuídos pela cidade, a exemplo do material produzido para a celebração dos 250 anos de Porto Alegre, instalado em parques e espaços públicos. Prates diz ainda que algumas empresas já vêm usando a marca aplicada em seus espaços e equipamentos e reforça que, para ter efetividade, é fundamental que a iniciativa privada e a sociedade organizada se apropriem para consolidar a proposta como uma marca de cidade.
— É importante destacar que a prefeitura de Porto Alegre não é protagonista neste processo, mas está junto, ao lado dos parceiros. A elaboração da marca não é projeto de governo ou de gestão, é uma soma de esforços do público com as forças produtivas e criativas da cidade para criar um legado. O encaminhamento do projeto de lei à Câmara Municipal é no sentido de dar visibilidade e apoiar o movimento, tornando-o oficial, não de uma administração — enfatiza.