Com uma grande circulação de pessoas diariamente, a rodoviária de Porto Alegre vem acumulando problemas e prejudicando quem precisa utilizar a infraestrutura para viajar de ônibus para dentro e fora do Rio Grande do Sul. Circulando pelo local, é visível a falta de asseio: bitucas de cigarro pelo chão, lixo acumulado e equipamentos danificados. Frequentadores ainda apontam as infiltrações no teto e elegeram o mau cheiro dos banheiros como algo que provoca muito incômodo.
Nos três locais onde há banheiros, o espaço destinado ao público feminino localizado no piso térreo, à direita de quem acessa o terminal pela entrada principal, é o que mais recebe reclamações. Das cinco cabines existentes, duas estão interditadas. E o odor desagradável deixa a permanência no local mais difícil.
— O fedor é grande aqui. Eu ainda entrei em uma cabine que estava com o chão todo molhado, não tinha onde deixar a minha bolsa — contou a técnica em enfermagem, Tamara dos Santos, de 54 anos, que aguardava um ônibus para Gramado.
Conforme as usuárias mais frequentes deste banheiro, antes da pandemia foram instalados suportes para a colocação das bolsas, mas os mesmos foram roubados.
Quem utiliza a rodoviária com mais frequência, opta por ir em banheiros menos conhecidos. É o caso da auxiliar de serviços gerais, Bruna Peres, de 26 anos, que acompanhava a sogra que embarcava para Butiá.
— Nós viajamos bastante para casa da minha sogra em Butiá e quando precisamos, viemos neste banheiro. O cheiro não é muito bom, mas está sempre limpo — afirmou ela enquanto terminava de trocar a fralda da filha.
Sala de embarque é opção
Na área central do terminal, localizada no segundo piso, está a sala de embarque da rodoviária. O local pode ser usado exclusivamente por passageiros de 21 empresas de ônibus e é opção para quem procura por mais conforto no aguardo do embarque.
São disponibilizadas poltronas confortáveis em um ambiente climatizado. O banheiro, embora menor que os oferecidos fora da sala, agradou os usuários.
—Eu sempre venho aqui quando preciso. É igual aos banheiros dos shoppings, limpo e organizado. Como viajo todo o final da semana, é bom ter um local assim para esperar — ressaltou a geóloga Marlise Cassel, de 32 anos, que trabalha em São Leopoldo e no final de semana viaja para Caçapava do Sul.
Embora tenha várias placas de sinalização espalhadas pelos terminais, GZH observou que poucas pessoas fazem uso do espaço.
Infiltrações em vários pontos
Além da situação dos banheiros, usuários e funcionários dos estabelecimentos comerciais da rodoviária mostram preocupação com as falhas que estão surgindo na estrutura do terminal, especialmente por conta das infiltrações e goteiras.
No setor da rodoviária mais próximo da Avenida Castelo Branco, é possível perceber a queda de pedaços do reboco do teto e das marquises do segundo piso. O último caiu ainda nesta quinta-feira (5), segundo os atendentes dos restaurantes próximos. Por conta disso, cones foram colocados para sinalizar o local.
— A situação está piorando com o tempo, não tem manutenção aqui. O passageiro que circula por aqui deve sentir vergonha da rodoviária — desabafou um funcionário que não quis se identificar.
O sentimento é compartilhado pelo engenheiro florestal Ronaldo Jesus, de 54 anos, que veio de Santa Maria para a Capital assistir ao show do Metallica, realizado na última quinta-feira.
— Fiquei bem assustado com a situação da rodoviária de Porto Alegre, com vidros muito sujos, goteiras no teto. Sei que a nossa rodoviária (de Santa Maria) é menor, mas é muito mais cuidada que essa. Vejo a rodoviária como uma referência para a cidade, se a da Capital é assim que imagem ela passa sobre a cidade? — questionou.
Dificuldades para resolução dos problemas
De acordo com a Veppo Cia Limitada, empresa responsável pela gestão da rodoviária de Porto Alegre, os problemas encontrados no banheiro público feminino localizado no térreo estão sendo corrigidos. Em um deles, foi constatado uma falha hidráulica que, segundo a administração, seria resolvido ainda nesta sexta-feira (6).
Já a outra cabine só será liberada com a chegada de uma nova porta. Conforme a empresa, a estrutura foi quebrada por uma moradora de rua em uma madrugada.
—Estamos tendo dificuldades com os moradores de rua que, durante a noite e madrugada, vem aqui para a Rodoviária. É um espaço público, não temos o que fazer. Contamos com o apoio da Brigada Militar e já encaminhamos vários ofícios para a Fasc, mas até agora não houve mudança — afirmou o diretor de operações da Veppo, Giovanni Luigi.
Quanto a ocorrência de infiltrações em diferentes pontos da rodoviária, a Veppo afirma que está em tratativas com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), responsável pela regulação das rodoviárias gaúchas, para encontrar alguma solução. No entanto, até o momento não há previsão de conserto dos pontos danificados.