No primeiro dia de flexibilização de atividades em Porto Alegre, nesta segunda-feira (22), restaurantes, bares e lanchonetes voltaram a funcionar com as portas abertas aos clientes, de forma presencial.
Apesar disso, o movimento foi tímido em estabelecimentos do Centro no horário do almoço: mesas e cadeiras ocuparam as calçadas, e o aroma da comida se espalhou outra vez pela região, mas o público não apareceu na proporção registrada em meses anteriores.
A retomada das operações foi possível graças à adoção, por parte da prefeitura, das regras da bandeira vermelha. A decisão ocorreu na noite de domingo (21), após o governo do Estado ter revertido na Justiça a liminar que havia suspendido a cogestão no modelo de distanciamento controlado — a partir daí, os gestores municipais puderam abrandar as restrições, ainda que a situação sanitária decorrente do coronavírus siga preocupante.
No caso de Porto Alegre, empresários do ramo da alimentação receberam permissão para voltar a receber clientes, com limitações, das 5h às 18h, nos dias de semana (veja mais detalhes no fim do texto). Com isso, muitos espaços reativaram chapas e fogões em locais como a Rua dos Andradas, tradicional ponto de refeições da área central.
Foi o caso do D'Torres Restaurante, próximo à Casa de Cultura Mario Quintana. Com bufê a R$ 18, com direito a um pedaço de carne e a um suco ou refrigerante, o local já estava preparado desde sexta-feira para a retomada. Mesmo assim, por volta do meio-dia, o movimento era pequeno, com quatro pessoas almoçando na parte interna, onde o distanciamento entre as mesas era respeitado, e ninguém nas mesas do lado de fora.
— Muita gente ainda está trabalhando em casa. Além disso, as pessoas estão preocupadas com a doença. Todos estamos. Esperamos que as coisas melhorem logo — disse Jairo Leal, 52 anos, um dos responsáveis pelo empreendimento.
Cliente do lugar há anos, o supervisor de estacionamentos Cláudio João Dias da Silva, 66 anos, disse ter aprovado tanto o tempero quanto os cuidados tomados pelos donos e funcionários.
— Antes, eu estava pegando marmita. Agora, voltei a frequentar o restaurante e me senti seguro. Sempre almocei ali e pretendo seguir assim, torcendo pela chegada da vacina — disse Silva, de máscara.
Perto dali, Ivone Kich Giongo, 51 anos, aguardava a clientela para preparar uma das especialidades da P. H. Ade Lanches: o xis de calabresa.
— Está fraco. O pessoal está sem dinheiro, né? E ainda tem o medo de pegar covid. Eu já tive e, graças a Deus, não foi grave, mas a saída para todos é a vacina, não tem jeito — ressaltou Ivone.
No Grelhados Rossi, famoso por ter a "melhor à la minuta do Centro", a procura também era tímida ao meio-dia. No passado, o restaurante chegava a ter filas dobrando a esquina na Rua General João Manoel. A cena inclusive está retratada em uma fotografia enquadrada na parede, logo na entrada.
Antes da pandemia, lembra Silvia Rossi, que toca o local ao lado do marido e do filho, o estabelecimento chegava a servir 250 pratos no horário do almoço a cada dia. Caiu para 70 com a covid-19 e, nesta segunda, a família estimava servir de 30 a 40, no máximo.
— Não está sendo fácil, mas vai passar — disse.
Confira as regras em vigor para restaurantes, bares, lanchonetes:
- De segunda a sexta-feira: podem receber clientes presencialmente, com restrições, das 5h às 18h
- Das 18h às 20h, somente pegue e leve e delivery
- Das 20h às 5h, somente delivery
- Sábado, domingo e feriado: ficam fechados para clientes presenciais
- Lotação máxima de 25%
- Distanciamento de dois metros entre as mesas
- Máximo de quatro pessoas por mesa
- Proibido música ao vivo