Restavam poucos clientes no espetinho de Amarildo Back, 47 anos, na Avenida Getúlio Vargas, no Menino Deus, em Porto Alegre, quando, por volta das 22h30min daquela sexta-feira, o tempo virou. Do vento com cheiro de temporal que começou a soprar até as rajadas que fizeram parte do grupo se esconder atrás do freezer e puseram abaixo pelo menos duas árvores de grande porte perto do quiosque foram apenas alguns minutos. O suficiente para o evento daquele 29 de janeiro de 2016 ficar gravado para sempre na memória do comerciante.
– Foi um pânico total. Me escorei embaixo de uma marquise e pensei: “vou ficar aqui”. Era um reboliço de árvore caindo, árvore caindo em cima de ônibus. Quando acabou, saí procurando os clientes. Estavam todos agarrados no freezer de bebida, onde se agacharam para se proteger. Ninguém estava acreditando no que estava acontecendo – recorda.
Ao final da ventania, para alívio de todos, o susto tinha sido maior do que os estragos no local. Não que tenham sido poucos. A queda de uma das árvores atingiu parte do telhado do quiosque. Outra, que desabou em frente, atingiu o carro do comerciante, que não sofreu danos, e o de um cliente, cujas avarias foram significativas. Mas ninguém se feriu.
Não demorou para que o grupo percebesse que tinha levado sorte. Com diversos pontos destruídos, passar pelo temporal sem feridos e com poucas perdas materiais virou motivo para comemorar.
Desde o fatídico dia, 29 de janeiro virou um compromisso para a turma de Amarildo. Encontram-se religiosamente para lembrar do momento difícil e comemorar por terem sobrevivido sem nenhum arranhão.
O assunto marcou tanto o grupo que um dos amigos compôs uma música "ao estilo rock gaúcho" com trechos inspirados no episódio.
– Todos os anos, nesse dia, a gente se encontra para fazer um churrasquinho e relembrar. Desta vez não vai sair por causa da pandemia. Hoje a gente dá risada. Foi tensa a coisa, mas nós sobrevivemos, e estamos todos vivos ainda.