A vegetação urbana foi uma das principais afetadas pelo temporal. Estima-se que pelo menos 3 mil árvores tenham sido derrubadas pelas rajadas de vento. Pode parecer pouco em uma cidade com mais de 1,5 milhão delas, mas, para se ter uma ideia, somente o Parque Marinha do Brasil, o maior da Capital, teve cerca de 30% das árvores atingidas, um rombo na paisagem natural. Outro ponto icônico da Capital, o túnel verde de tipuanas da Rua Gonçalo de Carvalho foi duramente atingido, com a queda de três exemplares, além de copas e galhos danificados.
A velocidade das rajadas de vento, quase 120km/h, foi o principal fator para a destruição, mas não o único. Sem um planejamento adequado para o plantio nas vias urbanas, no passado, a Capital acumulou espécies fragilizadas e, portanto, mais suscetíveis a quedas. Para completar o cenário desfavorável, a prefeitura estava desde 2015 sem contratar serviços terceirizados para o manejo arbóreo, o que gerou um passivo de remoções e podas necessárias à manutenção dos vegetais.
O trauma causado pelas perdas de 2016 motivou a então Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams) a trabalhar em um projeto de longo prazo. Em 2017, foi criada a equipe de planejamento e implantação de arborização, com o objetivo de racionalizar a distribuição e a manutenção das árvores nas vias da Capital.
– A equipe existe para que as árvores atinjam seu pleno potencial de desenvolvimento e permaneçam saudáveis. Pensar a árvore certa para o lugar certo, justamente para garantir que no futuro a gente minimize esses impactos – explica Alex Souza, coordenador de áreas verdes da Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus).
O planejamento da arborização considera, por exemplo, a existência de redes de esgoto, água e telefonia na área onde será plantado o vegetal. Também é levado em conta o chamado percentual de sombreamento da região, que indica a necessidade ou não de a copa ser maior, para proporcionar sombra.
As novas regras foram observadas na primeira contratação terceirizada desde 2015, feita em junho de 2018. Somente no ano passado, foram plantadas cerca de 1,6 mil mudas na Capital, privilegiando áreas menos arborizadas, como os bairros da Zona Norte. De 2016 a 2020, segundo a pasta, foram plantadas cerca de 10 mil mudas, incluindo as contrapartidas de obras realizadas na cidade. Parques mais afetados pelo episódio, Marinha e Redenção receberam novos exemplares.
Agora, a equipe trabalha na elaboração de um novo edital para o plantio de mudas, ainda sem previsão de lançamento. Apesar do empenho em acertar o passo na arborização, o planejamento não garante que, caso ocorra um evento semelhante ao de 2016, os estragos sejam menores.
– Desde 2006 existem critérios para o plantio, como distâncias mínimas entre árvores e imóveis ou mobiliário urbano, para que as plantas possam se desenvolver de forma sadia. Mas o passivo de árvores antigas ainda é enorme. O planejamento serve para que os riscos diminuam – explica o coordenador de áreas verdes da Smamus.