Foi de forma bem-humorada que o vereador Ramiro Rosário, único tucano na Câmara Municipal de Porto Alegre, reagiu aos nomes que formam a comissão que analisará o pedido de impeachment do prefeito Nelson Marchezan.
— Uma bancada evangélica! — disse, após o diretor legislativo da Casa, Luiz Afonso Peres, concluir o sorteio que seguiu a votação para abertura do processo.
De fato, trata-se de um ponto em comum do trio, que, além do parlamentar do PSDB, é composto por Alvoni Medina (REP) e Hamilton Sossmeier (PTB). O primeiro integra a base do governo; os outros dois são considerados independentes.
Rosário, eleito vereador pela primeira vez em 2016, passou os três primeiros anos do mandato como secretário municipal de Serviços Urbanos. Foi um dos quatro parlamentares que votaram contra o prosseguimento da denúncia contra Marchezan e, ao lado do líder do governo, Mauro Pinheiro (PL), será um dos maiores defensores do prefeito neste processo.
Sossmeier, além de evangélico, guarda outra semelhança com o tucano: não esteve presente nos debates do Plenário Otávio Rocha desde o início da legislatura. Suplente de Rodrigo Maroni (Podemos), assumiu a cadeira com a ida do titular para a Assembleia Legislativa em 2019 e trocou o PSC pelo PTB. É pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular e votou a favor da admissibilidade do pedido de impeachment.
Ligado à Igreja Universal, Medina foi eleito pela primeira vez em 2016, com 7.712 votos. É o único dos três que ocupou a cadeira durante toda a legislatura. Em 2020, foi escolhido presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude. Seu nome também está entre os 31 favoráveis ao prosseguimento da denúncia contra Marchezan.
A partir de agora, o trio avaliará o pedido de impedimento do prefeito e emitirá um parecer favorável ou contrário. O texto será levado a votação, mas, diferentemente da abertura do processo, a deposição do chefe do Executivo exige dois terços dos votos dos vereadores.