O escorpião-amarelo voltou a aparecer em Porto Alegre. Na sexta-feira passada (31), o animal foi avistado em um estacionamento na Rua Marechal Floriano, no Centro Histórico, o que elevou para 53 o número de vezes em que o animal foi visualizado na cidade — no ano passado, foram apenas 15.
Para alertar a população sobre o perigo do escorpião-amarelo em Porto Alegre, a Vigilância em Saúde deu início, na semana passada, a um trabalho junto às escolas da Capital. Até o fim de novembro, seis agentes devem passar em todas as 1,2 mil escolas de Educação Infantil da cidade, entre municipais, estaduais e particulares. O objetivo é fazer com que a informação ajude a proteger as crianças, a faixa etária mais vulnerável à picada do animal.
— No país, o maior número de casos de morte pelo escorpião amarelo é envolvendo crianças, já que a estrutura do corpo delas é menor, o que faz com que o veneno aja de forma mais rápida. Como não temos como conversar com todos os pais, os agentes estão visitando as escolas e conversando com diretores ou representantes. A ideia é que eles façam esta ponte com os pais das crianças, conversando e colocando panfletos nas agendas para que as crianças levem para casa — detalha a bióloga Fabiana Ninov, da coordenadoria-geral da Vigilância em Saúde.
Todo o município de Porto Alegre é considerado infestado pelo animal, que se reproduz sozinho e costuma se abrigar em locais escuros e úmidos, onde há aparecimento de baratas. Até agora, o bairro com o maior número de visualizações é o Centro Histórico — houve casos nas ruas Senhor dos Passos, Alberto Bins, Andradas, Salgado Filho, Borges de Medeiros, General Vitorino e Dr. Flores. Em 2018, houve apenas uma picada em Porto Alegre, mas a pessoa foi medicada e se recuperou.
- Nos surpreende que o animal costuma aparecer mais no calor, mas continuou aparecendo neste período de chuva e de frio. Isso mostra o nível de infestação na cidade. Nós estamos fazendo este trabalho de prevenção durante todo o ano porque estamos prevendo que os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março serão difíceis, com o Aedes aegypti e o escorpião amarelo. Nós não temos como evitar o aparecimento nem matar, mas podemos prevenir acidentes - alerta Fabiana.
O que fazer ao deparar com o escorpião-amarelo
O escorpião-amarelo não salta nem enxerga, apenas reage ao toque - por isso, se for visualizado, a orientação é que a pessoa tente matá-lo, sempre com segurança e, de preferência, cortando o animal para garantir que esteja morto, já que ele pode ficar imóvel por horas, aparentando que está morto. Inseticidas não são eficientes no combate - apenas empresas especializadas no controle de pragas fazem este trabalho.
Além de ter sido criado um site e a possibilidade de os moradores relatarem o aparecimento pelo telefone 156, a Vigilância capacitou cerca de cem agentes de combates a endemias, que ficam nas unidades de saúde e podem ir até as residências em caso de acidentes. Conforme a Vigilância, todos os enfermeiros dos postos de saúde estão capacitados para fazer atendimento em caso de picadas.
O que fazer em caso de picada
Procurar imediatamente o Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre ( Av. Osvaldo Aranha, 1234), único local onde há o soro antiescorpiônico, segundo a Vigilância em Saúde. Os enfermeiros dos postos de saúde também estão orientados a fazer o encaminhamento e reconhecer os casos. Depois do atendimento, o acidente deve ser comunicado à prefeitura pelo telefone 156.
O que fazer ao avistar o animal
Ligar para o número 156 e discar a opção 6, da Vigilância em Saúde. A pessoa deve fornecer nome, telefone e endereço. A orientação é que se tente matar o animal com segurança, usando um calçado fechado e, de preferência, cortando o animal. Se possível, o morador também deve fotografá-lo para comunicar o caso à Vigilância em Saúde.