Não são só os comerciantes que têm sido prejudicados pela decadência da Farrapos, que está se transformando em um cemitério comercial junto ao centro de Porto Alegre. A situação de abandono da via também se reflete no mercado imobiliário.
Diretor superintendente da imobiliária Crédito Real, uma das que dispõe de imóveis para locação na avenida, Carlos Ruschel diz que o esvaziamento dos imóveis se acentuou nos últimos três anos. Na avaliação de Ruschel, porém, o principal fator para o fechamento dos estabelecimentos foi a crise econômica.
— Algumas empresas de setores específicos que existiam lá foram muito impactadas pelo cenário econômico: a região, na maior parte, era caracterizada por pequenos comércios de peças que abasteciam o segmento automotivo e industrial. A partir de 2015 com a recessão econômica, esses setores foram diretamente afetados, levando ao fechamento de uma parte das lojas — observa.
O superintendente imobiliário acredita que a região está passando por uma mudança de perfil de uso, deixando de ter pequenos comércios e passando a ter mais serviços. Ele destaca o potencial da Farrapos, de fácil acesso à saída de Porto Alegre, e acredita em um cenário de melhora a longo prazo. Segundo Ruschel, foi locado na região um prédio de cerca de 3 mil metros quadrados para um grande grupo da área da saúde, e há expectativa de que a instalação do negócio, que realizará exames de alta complexidade, atraia empreendimentos às vias do entorno.
Movimentos da iniciativa privada também são a aposta da prefeitura para a melhoria da situação na Farrapos. Inserida no plano de readequação econômica previsto para o Quarto Distrito, a via deve ser impactada pelas mudanças previstas a legislação municipal e no Plano Diretor para facilitar a instalação de novos negócios na região, conforme o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Leandro de Lemos:
— A Farrapos está em um contexto mais amplo, do Quarto Distrito. É uma das nossas prioridades, mas não podemos pensar em uma avenida isoladamente, porque ela exige investimentos de infraestrutura que estão distantes. Estamos nos organizando para ter naquela região um impacto econômico distinto. Não com recursos públicos, mas sobretudo melhorando o ambiente de negócios, com leis simples, fáceis e sistemas desburocratizados — diz.