Se depender do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, a luta de empresários e moradores pela revitalização do chamado 4º Distrito – área de 594 hectares que abrange os bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Humaitá e Farrapos – terá desfecho positivo.
Por meio de sua assessoria, o Executivo municipal anunciou que manterá o Masterplan, projeto apresentado em dezembro pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ao então prefeito José Fortunati, e buscará utilizar as tecnologias e os estudos realizados na região para o desenvolvimento das demais áreas da cidade.
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Durante o segundo turno da eleição municipal, em outubro, os candidatos Marchezan e Sebastião Melo foram procurados pela Associação das Empresas dos Bairros Humaitá e Navegantes (AEHN), que apresentou a ambos um documento pelo qual deveriam comprometer-se com a implantação do Masterplan. Entretanto, apenas Melo – à época, vice-prefeito de Fortunati – assinou o termo de compromisso, o que deixou os empresários em estado de alerta.
– O Masterplan, até agora, é só papel. Precisa ser colocado em prática. Mas, para isso, é preciso o aval da prefeitura. Vai depender de conseguirmos mudar a cabeça do prefeito e do secretariado – projetou em meados de janeiro o novo presidente da AEHN, Luiz Carlos Camargo, executivo do grupo Galeazi-Martinox.
No fim de janeiro, porém, o secretário municipal de Relações Institucionais e Articulação Política, Kevin Krieger, recebeu integrantes da AEHN e confirmou a intenção de Marchezan de utilizar o projeto do 4º Distrito como modelo a ser implantado em outras regiões da Capital.
– O assunto foi mencionado pelos empresários, e a resposta foi a mesma do prefeito: projetos bons como o Masterplan terão continuidade no nosso governo – garantiu Krieger.
Elaborado pelo Núcleo de Tecnologias Urbanas da UFRGS, o Masterplan tem como objetivo dosar o uso do solo urbano visando à atração de investimentos privados em infraestrutura e empreendimentos nas áreas de tecnologia, saúde, conhecimento e indústria criativa, gerando emprego e renda. Além de criar novos espaços para habitação social (moradores com renda de até três salários mínimos), praças, parques, distritos de inovação tecnológica, universidades e instituições de ensino e pesquisa, o projeto visa à oferta de melhores condições para quem pretende morar ou trabalhar na região.
A ideia é replicar em Porto Alegre o projeto implantando na área Barcelona 22@, onde espaços verdes, centros culturais e prédios tecnológicos substituíram antigos galpões industriais abandonados da cidade espanhola. O resultado foi a criação de uma rejuvenescida região entre os bairros Sant Martí e Poblenou. Na capital gaúcha, a área priorizada pelo projeto situa-se no corredor entre as Avenidas Farrapos e Voluntários da Pátria.
Investimentos privados
Os investimentos seriam realizados por meio da chamada operação urbana consorciada, na qual um grupo de proprietários de imóveis une-se a investimentos privados, com a intermediação por parte do poder público, em uma espécie de Parceria Público-Privada (PPP). Ou seja, quando da implantação do Masterplan, caberá à prefeitura negociar com os proprietários de possíveis áreas a serem incorporadas, valorizando seus terrenos e bonificando-os com o aumento do potencial construtivo de suas propriedades.
O secretário adjunto de Urbanismo, José Luiz Fernandes Cogo, afirma que o Masterplan é uma nova maneira nova de pensar a cidade. O percentual estimado em adesões voluntárias e desapropriações – em menor parte – equivale a 25% da área total do 4º Distrito.
– Tradicionalmente, se analisa os planos diretores a partir de alguns parâmetros. Neste projeto, estamos pensando em quadras. A quadra, que parece ser uma questão complexa, é uma coisa mais harmônica para a cidade – avalia o secretário adjunto. – As desapropriações devem ocorrer. Até pelo fato de termos algumas quadras muito grandes, nós vamos ter algumas ruas centrais ali que talvez precisem de alguma desapropriação.