Em 1997, antes da construção do novo terminal de passageiros do aeroporto Salgado Filho, inaugurado em 2001, o Estado já contava com a ampliação da pista de pouso e decolagem. Um convênio entre o Piratini e a União foi firmado no final dos anos 1990, mas levou duas décadas para ganhar fôlego – e não deverá estar pronto, mesmo se tudo der certo, antes de quatro anos.
A burocracia estatal, barreiras orçamentárias diante de uma obra custosa e a dificuldade de remover famílias das proximidades da cabeceira da pista estão entre as principais razões que impediram a iniciativa de alçar voo até hoje. Quando parecia certa a ampliação da pista em mais 920 metros, chegando a 3,2 quilômetros, a constatação de que a construção ocorreria sobre um solo mais mole do que o imaginado inicialmente freou o projeto em razão do encarecimento.
A ampliação esbarrou em divergências sobre sua viabilidade e fez com que o caso fosse submetido à análise do Exército – onde ficou por dois anos. Nesse tempo, o Estado sofreu o ônus de contar com uma pista muito curta para aviões de carga. Como os aviões tinham de decolar com menos peso, ou reduziam a carga, ou diminuíam a quantidade de combustível e se viam obrigados a escalas. Tudo isso tira competitividade do Salgado Filho. Em 2016, de US$ 660 milhões exportados por empresas gaúchas por via aérea, só US$ 39 milhões saíram pelo Salgado Filho. O transporte rodoviário eleva em 40% o custo da operação.
Com a concessão do aeroporto à empresa Fraport, foram estabelecidos 52 meses para aumentar a pista.
O desafio é remover famílias. O Departamento Municipal de Habitação (Demhab) informa que 900 famílias que residiam na Vila Dique foram realocadas, mas o lugar voltou a ser ocupado. O órgão faz contagem para saber quantas precisam ser deslocadas.
A prefeitura promete reassentar as famílias em até dois anos. O investimento mínimo a ser feito pela Fraport no Salgado Filho é de R$ 1,9 bilhão.
- Desde quando: 1997
- Principais entraves: burocracia estatal e demora para remoção de famílias em área afetada pela obra
- Prazo para ser resolvido: 52 meses
- Custo: o investimento mínimo em todo o aeroporto é de R$ 1,9 bilhão
Confira a situação de cada uma das eternas pendências:
Desde que a urbanização e a industrialização se intensificaram, entre os anos 1960 e 1970, Guaíba passou a receber quantidades crescentes de esgoto. Limpeza exige ao menos R$ 2,8 bilhões.
Número de agentes em Porto Alegre despencou nada menos do que 90% ao longo dos últimos 14 anos. De um total de 175, restam apenas 17 para solucionar a ocupação das vias públicas.
Local é alvo costumeiro de vandalismo, sofre com infiltrações e, mais recentemente, serve como ponto de moradia improvisada, consumo e venda de drogas.
Nas últimas três décadas, naufragaram pelo menos cinco iniciativas para revigorar a área às margens do Guaíba. A mais recente aguarda o início das obras há quase seis anos.
Construção demora três vezes mais do que o previsto e ainda faltam perto de R$ 20 milhões para toda a estrutura ser finalmente entregue, e a história chegar ao fim.
Calcula-se que seriam necessários nada menos do que R$ 3 bilhões para implantar a rede de drenagem necessária para livrar a Capital de suas lagoas temporárias.