Muita coisa mudou em Porto Alegre ao longo das últimas décadas, mas uma característica da cidade permanece: seus problemas aparentemente insolúveis. Os eternos impasses da Capital se arrastam por anos, décadas a fio à espera de um projeto definitivo, de uma verba que nunca chega, de um ato de governo que pelas mais variadas razões nunca acontece. GaúchaZH selecionou sete desses antigos anseios da cidade para averiguar por que razões não viram realidade, qual o estágio atual de cada um e quanto custaria para eliminá-los da lista de "coisas a fazer".
Esses sete desafios – renovação do cais, camelôs irregulares, viaduto Otávio Rocha, alagamentos, despoluição do Guaíba, melhorias no aeroporto Salgado Filho e construção do Multipalco – somam pelo menos 170 anos de espera da população e exigiriam investimentos estimados em cerca de R$ 8,3 bilhões para saírem todos do papel. Desses sete pecados da Capital, apenas dois têm prazos de execução gravados em documentos: a ampliação da pista do Salgado Filho, que precisa ocorrer em pouco mais de quatro anos conforme o contrato assinado pela empresa alemã Fraport, e o plano de despoluição do Guaíba, que prevê ações em um horizonte de 20 anos. Os demais não têm previsão de quando serão destravados.
A falta de recursos é o obstáculo mais comum entre os desafios cativos da cidade.
O viaduto da Borges, no Centro Histórico, por exemplo, segue com infiltrações nas paredes pela falta de R$ 10 milhões para uma reforma. Outras ações são bem mais vultosas: o fim por completo dos alagamentos nas vias públicas absorveria nada menos do que R$ 3 bilhões.
A penúria financeira, aliada a outros entraves comuns como burocracia e ausência de planejamento, fazem com que algumas pendências se arrastem há três décadas, como a revitalização do Cais Mauá, ou até mais tempo, como a remoção dos camelôs irregulares das ruas centrais.
Confira a situação de cada uma das eternas pendências:
Desde que a urbanização e a industrialização se intensificaram, entre os anos 1960 e 1970, Guaíba passou a receber quantidades crescentes de esgoto. Limpeza exige ao menos R$ 2,8 bilhões.
Número de agentes em Porto Alegre despencou nada menos do que 90% ao longo dos últimos 14 anos. De um total de 175, restam apenas 17 para solucionar a ocupação das vias públicas.
Local é alvo costumeiro de vandalismo, sofre com infiltrações e, mais recentemente, serve como ponto de moradia improvisada, consumo e venda de drogas.
Nas últimas três décadas, naufragaram pelo menos cinco iniciativas para revigorar a área às margens do Guaíba. A mais recente aguarda o início das obras há quase seis anos.
Prefeitura reconta famílias para liberar ampliação da pista. Obra esbarrou em divergências sobre sua viabilidade e fez com que o caso fosse submetido à análise do Exército
Construção demora três vezes mais do que o previsto e ainda faltam perto de R$ 20 milhões para toda a estrutura ser finalmente entregue, e a história chegar ao fim
Calcula-se que seriam necessários nada menos do que R$ 3 bilhões para implantar a rede de drenagem necessária para livrar a Capital de suas lagoas temporárias.