Entre os desejos acalentados com mais devoção pelos moradores da Capital, rever o Guaíba limpo é também um dos mais antigos. Desde que a urbanização e a industrialização se intensificaram, entre os anos 1960 e 1970, o antigo ponto de veraneio passou a ser destino de quantidades crescentes de esgoto. Como o Guaíba recebe as águas dos rios Jacuí, Sinos, Caí e Gravataí, além do despejo de esgoto não tratado, despoluí-lo é uma tarefa que exige múltiplas intervenções.
Nas últimas décadas, iniciativas como o Pró-Guaíba e o Programa Integrado Socioambiental (Pisa) ajudaram a controlar a carga poluente lançada, e praias como a do Lami chegaram a ficar balneáveis. Nos últimos cinco anos, o índice de tratamento de esgoto na Capital saltou de 27% para 62%, conforme o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Mas pontos da região central, segundo o Comitê do Lago Guaíba, seguem na categoria de classe 4 – pior qualidade, só para "navegação e harmonia paisagística".
Para limpar o manancial a um nível aceitável, estima-se que seria necessário cerca de R$ 1,069 bilhão, sem incluir recursos para bacias que se conectam ao Guaíba. A Corsan pretende injetar R$ 1,8 bilhão ao longo de 11 anos para universalizar o tratamento de esgoto em nove municípios. Os R$ 2,86 bilhões melhorariam as águas, mas são ações de médio e longo prazo.
— O plano de bacia (estudo com metas de despoluição) prevê níveis diferentes de qualidade conforme o uso que se quer dar em cada local. O prazo é de até 20 anos (a contar de 2014) — diz o presidente do Comitê do Lago Guaíba, Manuel Salvaterra.
O plano para o Guaíba prevê, para até 2024, melhorias no trecho mais comprometido: da Zona Norte até a Vila Assunção. Ali, a esperança é converter a classificação da água de 4 para 3.
— Em médio prazo, teremos uma boa qualidade no Guaíba — acredita a chefe do Departamento de Qualidade Ambiental da Fepam, Ana Rosa Bered.
- Desde quando: anos 1970
- Principais entraves: falta de recursos
- Prazo para ser resolvido: 2035
- Custo: pelo menos R$ 2,86 bilhões
Confira a situação de cada uma das eternas pendências:
Número de agentes em Porto Alegre despencou nada menos do que 90% ao longo dos últimos 14 anos. De um total de 175, restam apenas 17 para solucionar a ocupação das vias públicas.
Local é alvo costumeiro de vandalismo, sofre com infiltrações e, mais recentemente, serve como ponto de moradia improvisada, consumo e venda de drogas.
Nas últimas três décadas, naufragaram pelo menos cinco iniciativas para revigorar a área às margens do Guaíba. A mais recente aguarda o início das obras há quase seis anos.
Prefeitura reconta famílias para liberar ampliação da pista. Obra esbarrou em divergências sobre sua viabilidade e fez com que o caso fosse submetido à análise do Exército.
Construção demora três vezes mais do que o previsto e ainda faltam perto de R$ 20 milhões para toda a estrutura ser finalmente entregue, e a história chegar ao fim.
Calcula-se que seriam necessários nada menos do que R$ 3 bilhões para implantar a rede de drenagem necessária para livrar a Capital de suas lagoas temporárias.