A greve dos municipários, iniciada nesta quinta-feira (5), afetou principalmente a área da educação. Segundo levantamento da prefeitura, 75 escolas da rede pública municipal registraram adesão parcial de servidores e 14 pararam totalmente. Apenas 11 tiveram aulas normalmente.
Além de pedir o fim do parcelamento de salários — que ocorre desde junho —, os servidores públicos reivindicam a retirada dos projetos de lei que alteram o Estatuto dos Funcionários Públicos e a Lei Orgânica, enviados pelo Executivo à Câmara Municipal. Entre as propostas da prefeitura, estão mudança ou extinção de gratificações, postergação da data de pagamento, oficialização do parcelamento e fim da licença-prêmio. A greve foi convocada pelo Sindicato dos Municipários (Simpa) por tempo indeterminado.
— O resultado foi muito positivo no primeiro dia, mais de 5 mil servidores aderiram à greve — garante Alberto Terres, diretor-geral do Simpa, ressaltando que os municipários estão indignados com o parcelamento de salários e com a falta de diálogo da prefeitura sobre os projetos.
O começo da mobilização foi marcado pela caminhada de grevistas pela cidade. Piquetes também foram montados em frente a unidades de saúde, como o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS). O secretário da Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, afirmou que o piquete estaria realizando uma espécie de triagem, autorizando apenas a entrada de pacientes em estado grave. Ele recorreu à Guarda Municipal, que foi até o HPS para garantir que não houvesse intervenções indevidas.
— Receber salário parcelado não é motivo para deixar o atendimento à população em segundo lugar. Temos uma liminar da Justiça exigindo que 100% dos serviços sejam oferecidos — reclamou o secretário ao Gaúcha Atualidade.
Segundo a municipária e funcionária do HPS Isabel Santana, os grevistas não impediram o acesso de pessoas que procuraram o atendimento na instituição:
— Ninguém foi impedido de entrar. Eles estão sendo orientados (no sentido) que os servidores estão em greve e o contingente de atendimento está bem menor. Aqueles que estão bem e aceitam essas orientações estão procurando outros lugares para serem atendidos. O secretário da Saúde deveria vir até aqui ver a situação com os próprios olhos.
O Simpa destaca que, além do HPS, as unidades de pronto atendimento Cruzeiro do Sul e Bom Jesus atenderam apenas casos de emergência. Neste último, servidores grevistas garantiram que mantém 30% dos trabalhadores em plantão.
— Vim procurar a vacina BCG para a minha neta, mas o guarda disse que nem adiantava entrar que não estão dando vacina por causa da greve — relata Eliane Martins, funcionária pública estadual.
Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, à tarde, a única unidade básica de saúde que não estava atendendo era a do Beco do Adelar, na Zona Sul — a São Cristóvão, na Zona Norte, que também estava fechada pela manhã, voltou a operar parcialmente. A pasta informou ainda que cerca de 10 unidades de saúde tiveram atendimento prejudicado durante o dia — entre elas, Passo das Pedras, Santa Marta, Tristeza e Nonoai —, mas a situação melhorou à tarde. Na Cruzeiro e na Bom Jesus, quando GaúchaZH esteve nos postos, o atendimento estava restrito a emergências.
De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, serviços de água, esgoto e lixo não foram afetados. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) registrou quatro servidores parados.
A expectativa do Simpa é de que a adesão à greve aumente nesta sexta-feira (6). Os municipários farão novo protesto, com concentração prevista para as 7h na esquina da Rua Dr. Gastão Rhodes com a Avenida Princesa Isabel, junto a prédio do Dmae. Os manifestantes devem passar pelo HPS, pelo Hospital Presidente Vargas até chegar no Paço Municipal. A próxima assembleia, que vai definir os rumos da greve, está marcada para terça-feira.