Decretada no fim da semana passada, em assembleia-geral, a greve dos servidores vinculados ao Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) terá início nesta quinta-feira. A entidade representa quase todas as categorias — apenas os funcionários da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e da Carris estão vinculados a outros sindicatos. Confira como deve ser o início da paralisação.
Reivindicações
Além de pedir o fim do parcelamento de salários — que ocorre desde junho —, os municipários reivindicam a retirada dos projetos de lei enviados pelo Executivo à Câmara Municipal que alteram o Estatuto dos Funcionários Públicos e a Lei Orgânica. Entre as propostas da prefeitura, estão mudança ou extinção de gratificações, cessão de regime especial de trabalho e fim da licença prêmio.
— Existe um sucateamento no serviço público. Desde o início do ano, estamos sofrendo com os ataques do governo. Tentamos diálogo, mas não tivemos sucesso. O prefeito não respeita os servidores, é autoritário e não dialoga com ninguém — afirma Alberto Terres, diretor-geral do Simpa.
Manifestações
Há protestos marcados para esta quinta-feira. A partir das 7h, os servidores devem se concentrar em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) e, às 9h, sair em caminhada em direção ao Paço Municipal. Depois de almoçarem em frente prédio da prefeitura, os municipários pretendem seguir até a Câmara Municipal, onde pedirão que os vereadores não votem os projetos do Executivo.
Serviços afetados
Conforme o Simpa, serão atendidos nas unidades de saúde apenas casos graves — o sindicato aconselha que, em situações não urgentes, a população não compareça aos postos. A prefeitura, por outro lado, afirma que a orientação do poder público é para que os serviços sejam mantidos na integralidade.
Já em relação à educação, os municipários orientam os pais a não levaram os filhos as escolas — o Executivo diz o contrário: que, mesmo com greve, as escolas devem receber os alunos.
O Fórum das Unidades de Triagem e o Movimento Nacional dos Catadores devem apoiar a greve. Como garis paralisaram as atividades de coleta seletiva de lixo e limpeza de parques e praças na manhã de quarta-feira (4) por falta de pagamento da prefeitura à Cootravipa, os catadores ficaram sem acesso ao material de reciclagem nas unidades de triagem.
O que diz a prefeitura
O secretário municipal de Planejamento e Gestão, José Alfredo Parode, afirma que a prefeitura encaminhou um ofício ao Simpa fazendo um apelo para que os servidores reavaliem a decisão de fazer a greve por conta da situação financeira da administração pública. O sindicato não aceitou o pedido.
— A greve é totalmente inoportuna agora, no momento de uma crise que exige a união de todos os seguimentos da sociedade. Sabemos que a Justiça determinou o pagamento dos salários até o último dia útil do mês, mas a prefeitura não tem dinheiro — critica.
Não está no horizonte do Executivo retirar os projetos da Câmara, como pedem os municipários.