Moradoras de uma área onde o Rio dos Sinos faz a curva, dez famílias da localidade de Santa Maria do Butiá, no Bairro Lomba Grande, a 30km do Centro de Novo Hamburgo, enfrentam desde o dia 13 de julho o isolamento forçado pelas águas que transbordaram do rio. A Estrada Porto Satiro, único acesso à comunidade, seguia com três pontos de alagamento em 24 de junho.
Sem energia elétrica, água ou acesso por terra, os moradores contam com a ajuda da Defesa Civil de Novo Hamburgo, da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros de Campo Bom. Na terça-feira passada, um helicóptero da BM distribuiu alimentos entre as 22 pessoas - duas crianças e 20 adultos e idosos. Conforme o comandante do Batalhão de Aviação da Brigada Militar, tenente-coronel Márcio Roberto Galdino, foi a única ação de entrega de mantimentos a ilhados durante esta enchente no Estado.
Movido pelo desespero, o industriário Celso Steffen, 52 anos, tornou-se o líder dos isolados. Por ter o único gerador da região, ligado duas horas por dia enquanto tiver gasolina, ele é o contato com o mundo externo via celular e o responsável por manter unidos os vizinhos, em meio à espera pelo fim da enchente.
Com o auxílio dos bombeiros de Campo Bom, depois de percorrer cerca de 8km pelo Rio dos Sinos, o Diário Gaúcho conseguiu chegar ao local, no final da tarde de 22 de junho - quando ainda havia quatro pontos de alagamento. Durante 18 horas, o DG acompanhou a nova rotina adotada há quase duas semanas pelas famílias.
Repórteres falam sobre os bastidores da reportagem
Na volta, para ir de Santa Maria do Butiá até o centro do Bairro Lomba Grande, a equipe enfrentou um trajeto de três horas. Nos primeiros 5km, contou com a ajuda de Celso e do filho Vinícius, 17 anos, para cruzar à pé e de canoa as estradas e os campos alagados. Outros 13km foram de carona numa caminhonete 4x4 do empresário e morador da região, Adenis Favaretto, 45 anos.
Força das chuvas
A rotina de dez famílias ilhadas à força, há quase 15 dias, em Novo Hamburgo
Reportagem chegou à Santa Maria do Butiá, a 30km do Centro de Novo Hamburgo, a única nestas cheias a receber alimentos da Defesa Civil com a ajuda do helicóptero da Brigada Militar
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