
Equipes do Comando Ambiental da Brigada Militar (CABM) realizaram mais um dia de buscas a um puma no interior de Maquiné, no Litoral Norte, que teria atacado um agricultor no último domingo (4). O caso mobilizou autoridades ambientais da região.
Darci Pelisser, 78 anos, é o morador da localidade de Barra do Ouro que afirma ter sido atacado pelo animal. Em seu relato, ele disse ter sido mordido no braço pelo puma, que teria avançado sobre ele após se assustar com o cachorro do agricultor.
Além de equipes da Brigada Militar, as buscas tiveram participação de profissionais do Ibama. Em um vídeo divulgado nesta terça-feira (6), a comandante da 2ª Companhia Ambiental, capitã Morgana Pereira, atualizou sobre a situação.
— Fomos até a localidade acompanhados de uma servidora do Ibama. Falamos novamente com a vítima e a servidora do Ibama constatou que, de fato, o ferimento se tratava de mordida de um animal, de um felino, possivelmente da espécie puma. O animal não foi localizado — afirmou.
Também no vídeo, a comandante ressaltou que o animal não costuma ser agressivo, mas teve uma reação excepcional:
— Pela apuração dos fatos, ficou evidente que a vítima estava na posse de um cão de caça e que esse cão teria inicialmente agredido o animal e, por isso, ele teve essa reação.
Até o momento, o Comando Ambiental não confirmou se encerrará as buscas ou se seguirá nesta quarta-feira (7).
Especialistas contestam
Consultados pela reportagem de Zero Hora, biólogos questionam o relato do agricultor. Para a especialista em felinos e professora no programa de pós-graduação de Biologia Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flávia Tirelli, as imagens das lesões não são convincentes.
— Nas imagens dos cortes (no braço de Darci), posso observar que um animal de grande porte teria feito um estrago muito maior. Se fosse um puma, teria feito um estrago nele de uma forma bem mais agressiva. Eu não imagino que aqueles aranhões sejam de um grande felino. Talvez possa ter sido um filhote, mas ele normalmente se esconde — avalia ela.
Já o biólogo e pesquisador Felipe Peters, membro do projeto Felinos do Pampa e do Instituto Pró-Carnívoros, prega cautela para analisar o caso.
— Não estou duvidando do senhor ou do relato dele, mas uma perícia ou laudo médico seria essencial para a gente poder ter certeza. Como são animais que estão no folclore popular, volta e meia a gente recebe informação de ataque por puma. Mas você vai olhar as fotos da pessoa ou animal ferido e consegue ver que não são marcas de um ataque — comenta o pesquisador.
Além disso, outra hipótese levantada pela professora é de que o animal tenha sido confundido com algum outro felino de menor porte:
— Pode ser que tenha sido um gato mourisco, que é o felino mais relacionado com um puma. É um gato-do-mato pequeno, diurno, que muitas vezes as pessoas confundem.