- Nesta quinta-feira (21), a PF concluiu o inquérito que investiga os atos de golpistas em Brasília
- São 37 indiciados, entre eles Jair Bolsonaro, generais Augusto Heleno e Braga Netto
- Bolsonaro já foi indiciado neste ano em outras duas investigações da PF: o caso das joias sauditas e a fraude no cartão de vacinas.
- Em rede social, o ex-presidente atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes, afirmando que ele "faz tudo o que não diz a lei"
Bolsonaro indiciado: acompanhe a cobertura ao vivo
Entenda o que aconteceu no 8 de Janeiro
No dia 8 de janeiro de 2023, a Agência Brasileira de Inteligência, o Comando Militar do Planalto e a Secretaria de Segurança Pública tinham conhecimento de que havia uma inquietação na atmosfera da capital federal.
Esses órgãos acompanhavam que o número de pessoas no acampamento bolsonarista diante do Quartel General do Exército em Brasília havia se multiplicado por quase 20 vezes, com a chegada de centenas de ônibus nos dois dias anteriores trazendo militantes de diferentes partes do país.
De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos Atos do Dia 8 de janeiro de 2023, 5,5 mil pessoas estavam no acampamento no sábado, dia 7 de janeiro — quantidade muito superior aos 300 manifestantes que ocupavam o local dois dias antes, 5 de janeiro.
O acampamento ficava no Setor Militar Urbano (SMU) em uma área proibida para ocupações por lei (Decreto-Lei nº 3.437/1941, ainda em vigência). Aquele território (de 1,32 mil metros) em torno de fortificações é considerado área de “servidão militar”.
O SMU está a uma distância de nove quilômetros em linha reta, pelo Eixo Monumental, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, e do Supremo Tribunal Federal (STF). Dali, os bolsonaristas partiram por volta das 13h. Duas horas depois, iniciavam um inédito atentado no Brasil contra os Três Poderes e de destruição parcial de suas sedes na capital do país.
Todos os passos foram identificados e constam no relatório da CPI do 8 de janeiro.
Cronologia do 8 de Janeiro
8h20min — Alertas da Abin informam que até esse horário haviam chegado 101 ônibus a Brasília para “os atos previstos na Esplanada.”
10h — Novo alerta da Abin, a grupo do WhatsApp formado pela PMDF e o GSI/PR entre outros, continua a chegada de manifestantes ao QG do Exército e “que permanecem convocações e incitações para deslocamento até a Esplanada dos Ministérios, ocupações de prédios públicos e ações violentas.”
13h — Marcha com milhares de pessoas deixa o acampamento do Setor Militar Urbano.
13h23min — Fernando de Sousa Oliveira, substituto de Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do DF, envia áudio ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, tranquilizando-o sobre a manifestação.
14h30min — Informe da Abin registra que a marcha alcança a primeira barreira policial na Via N1, na altura da Catedral.
14h43min — Grupo chega à linha de contenção formada por duas fileiras de gradil localizadas na Avenida das Bandeiras.
14h45min — À frente do Congresso Nacional estão apenas 20 PMs do 1º Batalhão de Policiamento de Choque.
15h — Golpistas já conseguiram subir a rampa do Congresso para invadir e destruir prédio.
15h10min — Outros grupos invadem o estacionamento e a parte de trás do Palácio do Planalto.
15h15min — 12 PMs do 2º Pelotão de Policiamento de Choque chegaram ao Congresso, mas não reprimem os invasores e “chegaram a sinalizar para que os presentes prosseguissem com a invasão”, descreve relatório da CPI.
15h16min — PM se retira da via S1 na altura do Congresso, e liberam acesso aos insurgentes para alcançarem o prédio do Supremo Tribunal Federal.
15h20min — Vândalos derrubam as grades de isolamento do Palácio do Planalto, sobem rampa, quebram os vidros da fachada e entram no prédio.
15h26min — Manifestantes chegam à Praça dos Três Poderes em ponto próximo ao STF.
15h37min — Inicia a invasão do edifício-sede do STF
15h45min — Golpistas chegam ao 3º andar do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República.
15h53min — PMs abandonam o prédio do Congresso Nacional. Alguns deles são atacados.
16h25min — Inicia-se a expulsão invasores dos prédios públicos.
16h40min — Chega ao Palácio do Planalto o Batalhão da Guarda Presidencial (BGP).
17h — O Batalhão de Choque da PMDF, requerida duas horas antes, chegou ao Congresso Nacional.
17h08min — O governador do DF, Ibaneis Rocha, demite o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, em férias antecipadas nos Estados Unidos.
17h15min — Entram no palácio presidencial a Companhia da Base de Administração e Apoio do Comando Militar do Planalto e um pelotão do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas.
17h30min — Boa parte dos prédios invadidos está desocupada, mas multidão ainda se concentra em parte externa do Congresso Nacional.
17h50min — De Araraquara (SP), o presidente Lula decreta intervenção federal na Secretaria de Segurança Pública do DF.
18h20min — Extremistas colocam fogo no gramado do Congresso Nacional.
19h — Em vídeo na internet, o governador Ibaneis Rocha pede desculpas à população.
20h — O interventor na Secretaria de Segurança do DF, Ricardo Capelli, convoca todo efetivo de segurança para a Esplanada para efetuar o maior número possível de prisões e expulsar os insurgentes da área. Capelli negocia com militares as prisões no acampamento do SMU, que ocorreriam nas primeiras horas do dia 9/1.
21h17min — Dos Estados Unidos, cerca de seis horas após o início das invasões e depredações, o ex-presidente Jair Bolsonaro publica nota em rede social condenando os ataques e se eximindo de qualquer responsabilidade.
22h — O presidente Lula vistoria o Palácio do Planalto e o STF em companhia dos ministros Rosa Weber, Roberto Barroso e Dias Toffoli.
O que é a operação Contragolpe
A Operação Contragolpe, desencadeada pela Polícia Federal na manhã de terça-feira (19), apontou a existência de um plano envolvendo militares de alto escalão para tomar o poder do país pela força e matar presidente e vice eleitos em 2022.
A ação resultou na prisão de um general, um tenente-coronel e dois majores do Exército, além de um agente da PF. Eles seriam líderes de uma tentativa de golpe, edificada sobre a contestação do desfecho eleitoral e a desestabilização social do país.
O intento dos supostos conspiradores, destaca a PF, tinha como principal componente um plano para execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.