O Senado aprovou, nesta terça-feira (8), o nome de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central a partir de 2025. Foram 66 votos favoráveis e cinco contrários ao nome do economista indicado por Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o cargo.
Mais cedo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado havia aprovado, por unanimidade, Galípolo para o cargo.
A votação no plenário era secreta e Galípolo precisava apenas de maioria simples para ser aprovado.
Atualmente, Galípolo é diretor de Política Monetária do Banco Central, cargo que ocupa desde julho de 2023.
Como foi a sabatina
Em sua fala de abertura durante a sabatina na CAE, Galípolo elogiou a atuação do Banco Central e reafirmou a autonomia da instituição e o compromisso com o controle da inflação.
O economista afirmou ainda que recebeu a garantia do presidente Lula de que terá "liberdade na tomada de decisões" na autoridade monetária.
— Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro. Cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro — declarou Galípolo em sua fala inicial.
Tópicos tratados
Economia
Galípolo disse que a economia brasileira tem dado sinais de estar em um estágio diferente do restante do mundo.
— Quando a gente olha para a economia brasileira, ela dá sinais de estar em um estágio diferente de boa parte das economias do mundo. Se pegarmos o início dos anos 2000, tinha uma série de fatores que colaboravam, China crescendo e exportando desinflação e importando commodities. Estados Unidos e Europa com taxas de juros baixas e jogando liquidez no mundo. Hoje, Japão está começando a subir juros depois de muito tempo, China em desaceleração, EUA na discussão de aterrissagem suave ou abrupta — afirmou o economista, durante sabatina na CAE do Senado.
Autonomia
O economista declarou que o Banco Central "está conseguindo passar por esse processo de autonomia de uma maneira bastante estável", mesmo no que ele chamou de um ambiente "relativamente conflagrado da sociedade". Galípolo ressaltou que a instituição "está se consolidando naquilo que é seu mandato".
— Acho que nesse ambiente que a gente tem, relativamente conflagrado da sociedade, o BC está conseguindo passar por esse processo primeiro de autonomia de uma maneira bastante estável, se consolidando com decisões que não se deixam invadir por questões externas, mas que também não evade a suas atribuições. Ele está ali se consolidando naquilo que é seu mandato — afirmou.
A explicação se deu porque Galípolo se recusou a responder questionamentos sobre regulação das apostas eletrônicas e sobre a Receita Federal e a Petrobras.
— Por isso vou me furtar de fazer qualquer tipo de comentário sobre o que é atribuição da Receita, Petrobras, regulação de Bolsa Família ou bet. Boa parte do êxito e do bom convívio que a gente tem ali, em uma diretoria de indicados de governos distintos, mas que tem conseguido um elevado grau de coesão ali dentro — completou.
Relação entre BC e Executivo
O indicado à presidência do BC destacou sentir que "frustrou as expectativas" de que a sua chegada à autarquia, em meados do ano passado, causaria uma ampla disputa dentro da diretoria.Sinto que eu gerei uma grande frustração, talvez, na expectativa que existia de que ao entrar no Banco Central fosse começar um grande reality show, com grandes disputas e brigas ali dentro.
Ex-secretário-executivo da Fazenda na gestão Haddad, Galípolo foi indicado para a diretoria de Política Monetária do BC em julho do ano passado, com o objetivo de "harmonizar" a relação entre a autoridade monetária e a equipe econômica.
Na sabatina, o diretor afirmou que tem "a melhor relação possível" tanto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto com o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
— Faço uma mea culpa: eu gostaria de, dentro das minhas funções, ter colaborado para que essa relação entre o Banco Central e o próprio Poder Executivo fosse melhor ainda do que ela tem sido — pontuou.
Galípolo não respondeu a um questionamento do senador Izalci Lucas (PL-DF), que havia perguntado se Galípolo considera as críticas de Lula a Campos Neto "justas".