Escolhido pelo presidente Lula para comandar o Banco Central, o economista Gabriel Galípolo afirmou nesta terça-feira (8), durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que recebeu garantias para atuar com liberdade na função.
Segundo ele, Lula pediu que a função seja guiada "exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro".
— Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade para tomada de decisões, e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro, com o bem-estar de cada brasileiro — disse.
A fala de Galípolo busca demonstrar aos senadores que, apesar da estreita ligação com o governo, haverá respeito à autonomia do BC, e as decisões sobre a taxa básica de juro levarão em conta aspectos técnicos.
No entanto, o pedido de Lula guarda certa subjetividade. Qual o caminho que precisa ser trilhado pelo BC para favorecer o povo?
Até agora, Lula discordou diversas vezes do entendimento do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre a trajetória dos juros. Mesmo diante dos alertas de que a inflação poderia disparar, o chefe do Executivo defendeu novos cortes na Selic como forma de estimular o crescimento da economia.
Nesta terça-feira, o indicado de Lula não deve ter dificuldades para ser aprovado pelo Senado. Com habilidade política e bom trânsito no Legislativo, deixou boa impressão até mesmo entre parlamentares da oposição.
Como diretor de política monetária do BC, Galípolo sempre esteve alinhado a Campos Neto nas votações do Copom. Mas é a partir do ano que vem, quando ele estará sentado na cadeira de presidente, que saberemos na prática o que significa conduzir a política monetária de acordo com o "bem-estar de cada brasileiro".