O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) localizou os 261 móveis que motivaram, na transição, discordâncias do petista e da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os itens "perdidos" estavam espalhados pelo Palácio da Alvorada e foram localizados em setembro do ano passado - 10 meses depois da primeira inspeção no local. Antes da descoberta, o casal presidencial comprou peças de luxo alegando como motivo a ausência dos objetos.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência afirmou que os itens foram encontrados em "dependências diversas" dentro do Palácio da Alvorada. Segundo a pasta, foram necessárias três conferências para localizar os móveis.
A primeira inspeção, em novembro de 2022, atestou que 261 bens estavam desaparecidos. A segunda conferência ocorreu no início do ano passado e localizou 173 peças. A última foi feita em setembro e atestou que nenhum item havia sido extraviado pelo casal Bolsonaro. Apesar da descoberta dos itens, a Secom disse que os móveis sofreram um "descaso" por parte de Bolsonaro e Michelle.
Durante a transição de governo, no final de 2022, Lula e Janja reclamaram das condições da residência oficial, em Brasília, e apontaram que os bens estavam faltando após Bolsonaro e a ex-primeira-dama deixarem de usar o Alvorada. Além de móveis, utensílios domésticos, livros e obras de arte também teriam desaparecido.
Lula passou o primeiro mês de mandato morando em um hotel no centro de Brasília, afirmando que o Alvorada e a Granja do Torto - residência de veraneio Presidência - estavam deteriorados. Durante um café da manhã com jornalistas em janeiro do ano passado, ele afirmou que Bolsonaro e Michelle "levaram tudo" do palácio residencial.
Nesta quarta-feira (20) após a divulgação de que os móveis haviam sido encontrados, o ex-presidente usou o X (antigo Twitter) para dizer que o petista o acusou injustamente de ter extraviado os bens da residência oficial. "Todos os móveis estavam no Alvorada. Lula incorreu em falsa comunicação de furto", disse Bolsonaro.
O suposto sumiço dos móveis foi um dos motivos para que Lula e Janja gastassem R$ 196,7 mil em móveis de luxo no início do ano passado. Segundo a Folha, os itens mais caros foram um sofá com mecanismo elétrico de R$ 65.140 e uma cama avaliada em R$ 42.230.
Ao jornal, Michelle disse que o suposto sumiço dos bens teria sido uma "cortina de fumaça" de Lula e Janja para justificar a compra dos itens de luxo.
— Durante muito tempo esse governo quis atribuir a nós o desaparecimento de móveis do Alvorada, inclusive insinuando que eles teriam sido furtados na nossa gestão. Na verdade, eles sempre souberam que isso era uma mentira, mas queriam uma cortina de fumaça para tirar o foco da notícia de que eles gastariam o dinheiro do povo para comprar móveis novos por puro capricho — disse a ex-primeira-dama.